
Se observarmos mundo afora as razões ou, mais precisamente, fatores que fizeram com que países alçassem patamares mais elevados de desenvolvimento econômico, a complexidade econômica sempre aparece no topo. Sem dúvida, o exemplo mais emblemático vem da Coreia do Sul. E mais recentemente, da China. Confira a análise do diretor econômico da Futura, Orlando Caliman.
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Por Orlando Caliman*
O caso da Coreia do Sul nos chama mais a atenção pela possibilidade de podermos traçar um paralelo com o Brasil, confrontando caminhos diversos. Enquanto a Coreia conseguiu furar as duas principais armadilhas que funcionavam como barreira ou redomas de acesso ao mundo mais desenvolvido, a da renda média e da complexidade econômica, o Brasil mantem-se nessa batalha ainda sem demonstrar de avanços significativos.
Mas, afinal o que significa complexidade econômica? Simplificando, podemos dizer que o grau de complexidade de uma economia é medido pela sua capacidade de produzir uma diversidade grande de produtos e serviços e dentre estes, em proporções relativamente elevadas, aqueles que requerem a aplicação, em alto grau e de forma crescente, de conhecimentos e tecnologias. Países com maior grau de complexidade econômica conseguem ser mais competitivos. Em resumo, é produzir mais produtos que outros poucos países produzem; produtos menos ubíquos.
A pergunta subsequente é se seria possível transplantarmos esse conceito, sua lógica e aplicabilidade para unidades territoriais subnacionais. Estados e mercados regionais, por exemplo. A resposta é afirmativa. E pensando no Brasil, estados e até municípios podem não somente medir acompanhar a evolução do grau de competitividade como, que é mais importante, desenvolverem políticas e iniciativas que o incrementem.
Esta é a ideia e um dos propósitos centrais do Plano ES 500 Anos, plano de desenvolvimento para os próximos 10 anos, que está prestes a ser lançado. Tornar a economia capixaba mais complexa significa diversificar, incorporando de forma crescente, mais difusa e acelerada novos conhecimentos e tecnologias aos seus produtos e serviços. Ou seja, produzir mais produtos e serviços, diferenciados e com maior grau de sofisticação.
A economia capixaba aparece na décima posição do ranking de estados do ICE- Índice de Complexidade Econômica, segundo cálculos efetuados pelo Sebrae, e resultados disponibilizados na sua plataforma Data MPE Brasil. São Paulo aparece à frente, bem como Santa Catarina e Paraná. Integrar o grupo dos cinco primeiros seria uma boa aposta, além de factível.
Aumentando a complexidade da economia estaríamos também ajudando a resolver outro desafio, a reforma tributária, que tende a penalizar o Espírito Santo, ao provocar perdas de arrecadação. Isso porque existe uma associação direta entre incremento da complexidade, aumento da produtividade, do PIB e da renda per capita disponível. E tudo isso incrementando o consumo local.
*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência