
A busca por práticas agrícolas mais sustentáveis está ganhando força no Brasil e, no Espírito Santo, produtores já colhem os frutos dessa transformação. Com técnicas inovadoras e o uso de insumos biológicos, a chamada agricultura regenerativa vem ganhando espaço no campo. Essa forma de produzir vai além da eficiência: ela também regenera o solo, fortalece os ecossistemas e garante lavouras mais produtivas a longo prazo. Em Linhares, no norte do estado, a fazenda Doce Bela Bananas é um exemplo de como essas práticas podem gerar impacto positivo — tanto para o meio ambiente quanto para a produção.
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Práticas regenerativas transformam manejo agrícola e fortalecem lavouras
“Nós não enxergamos o mato como inimigo. Ele faz parte do sistema, aumenta a biodiversidade e ajuda no controle natural de pragas e doenças”, explica o produtor rural Fabrício Barreto. Há mais de 20 anos, ele eliminou o uso de herbicidas sistêmicos, como o glifosato, que têm relação direta com o avanço de fungos no solo.

Além disso, a fazenda utiliza bioinsumos — parte produzidos ali mesmo — que incluem fungos e bactérias benéficas. Esses microrganismos ajudam a proteger as raízes das plantas e a manter o solo vivo e saudável.
Com manejo regenerativo, a propriedade alcança resultados expressivos: são 40 toneladas por hectare ao ano de banana prata e 80 toneladas de banana nanica. A produção abastece quatro estados: Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Outro destaque da propriedade é a compostagem. O que antes era descartado, como engaços de banana e esterco, agora é transformado em um composto rico em matéria orgânica e microrganismos. “A gente pensa a compostagem não só como adubo, mas como fonte de vida para o solo”, destaca Fabrício.
Segundo a Embrapa, mais de 60% dos produtores brasileiros já utilizam biofertilizantes e biodefensivos. Em 2024, essas práticas sustentáveis já alcançaram mais de 50 milhões de hectares em todo o país.
E os resultados são concretos. “Desde 2017, não usamos mais fósforo. O uso de potássio caiu para 30% do que era aplicado antes, e o de nitrogênio, para 25%. O manejo certo, aliado à tecnologia e ao conhecimento, permite uma agricultura mais eficiente e com menos impacto”, diz o produtor.
Linhares também foi palco de um importante debate sobre o tema. Em abril, o município sediou o primeiro Fórum Produtores do Futuro, reunindo cerca de 400 participantes — entre produtores, pesquisadores e fornecedores de tecnologia.
Espírito Santo como referência em sustentabilidade na agricultura
“O Espírito Santo é referência nacional e internacional quando falamos em sustentabilidade no agro. O que vemos hoje, especialmente no café e nas frutas, é resultado de investimento em ciência, governança e cuidado com o meio ambiente”, destacou o subsecretário de Agricultura, Michel Tesch.
O evento foi idealizado pela Linhagro Agronegócios. “Conseguimos unir produtores, estudantes, técnicos e empresas num mesmo espaço para trocar conhecimento. Foi só o primeiro passo. Já estamos planejando a próxima edição”, afirmou Luciano Rastoldo, um dos organizadores.
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