
Morreu, nesta sexta-feira (23), o maior fotógrafo brasileiro, Sebastião Salgado, aos 81 anos, em Paris. A informação foi divulgada pelo Instituto Terra, mas não a causa da morte não foi divulgada.
Na última vez que veio a Vitória, o fotojornalista participou da projeção, “Amazônia”, no teatro Sesc Glória. No mesmo fim de semana, a Mosaico Fotogaleria iniciou a exposição “Outras Américas”, que reuniu 22 fotografias imagens de comunidades indígenas e camponesas da América Latina, por Salgado entre 1977 e 1984.
Gabriel Lordello, fotógrafo e sócio da Mosaico, lamentou a morte do fotojornalista em nome da galeria e de seu sócio, Tadeu Bianconi. Ele contou que sempre admirou e acompanhou o trabalho de Salgado à distância, mas que, desde setembro, eles haviam se aproximado bastante.
“Eu falava com ele toda semana, mesmo ele estando em viagens por Singapura, Tóquio, Barcelona e tantos outros lugares do mundo. Ele e a Lélia foram muito generosos conosco ao aceitarem trazer uma exposição dele para Vitória, para a nossa galeria. Realizamos a projeção Amazônia, que foi algo, eu diria, histórico para o estado, de tão bonito e importante que foi para nós”, começou.
O Tião deixa um legado enorme, não só para a fotografia, mas para a própria humanidade. Ele era um fotógrafo humanista, mas ia muito além disso. A causa da Amazônia, da preservação do meio ambiente, se tornou uma bandeira que ele defendia com todas as suas forças. E ele cumpriu essa missão com muita dedicação.
O fotógrafo, professor e pesquisador Vitor Jubini também relembrou a vinda de Salgado a Vitória e destacou a homenagem que o colega recebeu da Boa Vista, campeã do Carnaval de Vitória 2025.

“Tive a honra de desfilar. Participei de uma ala com mais cinco fotógrafos e fotógrafas do Espírito Santo, homenageando novamente o Sebastião. Mesmo com seu trabalho sendo eterno, vai fazer falta. Para nós, especialmente para mim, como fotojornalista, ele sempre foi uma inspiração. Olhar para os trabalhos dele, folhear cada página de um livro do Salgado, é como viajar pelo mundo. Ele mostrou um mundo que muitos não querem ver”, disse Jubini.
Para o professor, o que era capturado pelas lentes de Salgado discutia questões sociais, econômicas e políticas.
A fotografia, para ele, não era uma simples cópia da realidade; ela gerava reflexões, debates, levantava questões. E ele fez isso com maestria. No fundo, acredito que a fotografia dele é um grito. Cada página de seus livros, cada exposição, é um grito, uma convocação para que a humanidade se atente às desigualdades. Essa, para mim, é a melhor forma de resumir o trabalho dele.
“Perda irreparável”
Quem conhece o fotógrafo do Folha Vitória, Thiago Soares, sabe do tamanho da admiração que tem por Salgado. Ao lamentar a morte do colega de profissão, relembrou o momento em que o conheceu, em dezembro de 2024.
Eu estou chocado, ele era uma inspiração para mim e para muitos fotojornalistas! Tive a chance de conhecê-lo em dezembro, quando ele veio a Vitória para uma exposição. Peguei na mão dele, ele estava tão bem… É uma perda irreparável para o fotojornalismo, afirmou.

Zanete Dadalto, fotógrafa, professora universitária, especialista em Imagem e Mídia, definiu Sebastião Salgado como uma “referência ética e estética”, inspirando quem acredita, como ela, que “fotografar é, antes de tudo, um gesto de escuta, respeito e compromisso com o outro”.
O mundo perde um dos maiores fotógrafos da nossa história. Salgado nos ensinou que fotografar vai muito além de enquadrar luz e sombra — é um ato político, ético e profundamente poético. Suas imagens sempre foram presença constante nas minhas aulas, provocando reflexões técnicas, estéticas, mas, sobretudo, sobre o papel social da fotografia e a responsabilidade que temos ao representar a dor, a beleza, a dignidade e a resistência humana, declarou.
Sebastião Salgado no Sesc Glória

O Sesc Glória também se manifestou sobre o morte do fotógrafo. A nota relembra a abertura da exposição “Amazônia”, além de destacar uma conversa que reuniu centenas de pessoas em uma reflexão sobre a preservação da natureza e os povos originários da floresta.”
Considerado um dos maiores nomes da fotografia mundial, Salgado deixa um legado de imagens que narram com sensibilidade e profundidade as realidades sociais e ambientais do planeta.
A presença de Salgado no Sesc Glória foi um marco para a cultura capixaba e reafirmou o compromisso da instituição com a promoção da arte, da consciência ambiental e do diálogo com grandes nomes da cena cultural brasileira e internacional.
O Sesc Espírito Santo se solidariza com os familiares, amigos e admiradores de Sebastião Salgado, e reafirma seu compromisso de manter viva a memória e o legado do fotógrafo por meio de ações culturais e educativas.