Bactérias com habilidades únicas sofreram mutação na estação espacial e se transformaram em algo nunca visto antes na Terra

Bactérias com habilidades únicas sofreram mutação na estação espacial e se transformaram em algo nunca visto antes na Terra

Em um ambiente tão controlado quanto uma estação espacial, onde cada detalhe é planejado para garantir a segurança dos tripulantes, uma descoberta inesperada está chamando a atenção da comunidade científica.

Pesquisadores anunciaram a identificação de uma bactéria nunca antes vista na Terra, isolada a bordo da Estação Espacial Chinesa Tiangong. Batizada de Niallia tiangongensis, a espécie desafia noções sobre como a vida se adapta a ambientes extremos e abre novas portas para o estudo da microbiologia no espaço.

A Tiangong, também conhecida como “Palácio Celestial”, foi lançada em setembro de 2021 e é operada pela Agência Espacial Tripulada da China. Com aproximadamente um terço do tamanho da Estação Espacial Internacional (EEI), ela representa um marco na exploração espacial do país.

Quatro anos após seu lançamento, análises de rotina revelaram a presença dessa bactéria em amostras coletadas nos controles do painel de comando da estação. A descoberta foi detalhada em um artigo publicado no International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, liderado por cientistas do Instituto de Engenharia de Sistemas Espaciais de Pequim.

A Estação Espacial Chinesa Tiangong foi lançada em abril de 2021 (Shujianyang/Wikimedia Commons)

A Estação Espacial Chinesa Tiangong foi lançada em abril de 2021 (Shujianyang/Wikimedia Commons)

A Niallia tiangongensis pertence ao mesmo gênero da Niallia circulans, uma bactéria terrestre encontrada em solos, esgotos e alimentos. Enquanto a versão terrestre é conhecida por causar infecções graves, como abscessos e septicemia, sua “parente espacial” apresenta características únicas.

Uma delas é a capacidade de hidrolizar gelatina, processo que permite extrair nutrientes em ambientes com recursos limitados. Essa habilidade sugere que o microrganismo pode sobreviver em condições extremas, como as encontradas no espaço, onde a disponibilidade de alimentos e água é escassa.

A bactéria é classificada como Gram-positiva, com formato de bastonete e capacidade de formar esporos — estruturas resistentes que garantem sua sobrevivência em situações hostis, como variações de temperatura, radiação e falta de nutrientes.

Ainda não está claro, porém, se a Niallia tiangongensis surgiu a bordo da estação ou se é uma variante terrestre que sofreu mutações no espaço. Amostras coletadas em maio de 2023 foram congeladas e enviadas à Terra para análises genéticas mais aprofundadas.

Especialistas do Programa de Microbioma da Área Habitacional da Estação Espacial Chinesa destacam que a descoberta reforça a resiliência dos microrganismos. “Mesmo em ambientes altamente controlados, como a Tiangong, a vida encontra caminhos para se adaptar”, afirmou um dos pesquisadores envolvidos no estudo.

A preocupação agora é entender se essa bactéria representa riscos à saúde dos taikonautas, já que algumas espécies do mesmo gênero são patogênicas. O Grupo de Biotecnologia Espacial Shenzhou ressaltou a necessidade de investigar como a microgravidade e a exposição à radiação cósmica podem influenciar o comportamento desses organismos.

Especialistas afirmam que mais pesquisas são vitais para proteger a saúde dos astronautas (Centro de Astronautas da China)

Especialistas afirmam que mais pesquisas são vitais para proteger a saúde dos astronautas (Centro de Astronautas da China)

Esta não é a primeira vez que bactérias intrigantes são encontradas no espaço. Em 2018, uma cepa mutante da Enterobacter bugandensis foi identificada na EEI. Estudos revelaram que ela havia desenvolvido características distintas das variedades terrestres, com potencial para causar infecções respiratórias e urinárias. Pesquisadores acreditam que o ambiente espacial — com radiação intensa, microgravidade e isolamento — atua como um “laboratório natural” para acelerar mudanças genéticas em microrbios.

A descoberta da Niallia tiangongensis não apenas amplia o conhecimento sobre a adaptação da vida no espaço, mas também serve de alerta. Com planos de expandir missões tripuladas para a Lua e Marte, entender como os microrganismos evoluem fora da Terra é crucial para proteger a saúde dos exploradores espaciais. Enquanto isso, a Tiangong segue sendo um campo fértil para desvendar esses mistérios, provando que até nos lugares mais improváveis, a vida insiste em surpreender.

Novas etapas da pesquisa incluem comparar o genoma da bactéria espacial com o de amostras terrestres e testar sua resistência a antibióticos. Os resultados podem não apenas revelar segredos sobre a sobrevivência microbiana no cosmos, mas também inspirar avanços na medicina e na biotecnologia — tanto no espaço quanto em nosso planeta.

Esse Bactérias com habilidades únicas sofreram mutação na estação espacial e se transformaram em algo nunca visto antes na Terra foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

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