Família busca cirurgia para tratar criança que teve dois AVCs em Votorantim: ‘Queremos vencer mais essa luta’


Somando todos os valores de médicos, auxiliares e hospital, eles precisam de R$ 217 mil. Após exames, médicos descobriram que a causa dos AVCs provavelmente é uma síndrome rara, chamada moyamoya. Diogo Miguel de Oliveira Bianchini, de cinco anos, é morador de Votorantim (SP)
Arquivo pessoal
Com apenas cinco anos de idade, o pequeno Diogo Miguel de Oliveira Bianchini, morador de Votorantim (SP), já sofreu dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), uma situação considerada rara para crianças. Após uma série de exames, os médicos descobriram que a causa dos AVCs provavelmente é uma síndrome rara, chamada moyamoya.
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Como o único tratamento possível para a doença é uma cirurgia, a família de Diogo criou uma vaquinha online para conseguir arrecadar o valor necessário para pagar o procedimento. Somando todos os valores de médicos, auxiliares e hospital, eles precisam de R$ 217 mil. Além da vaquinha, os familiares do menino estão organizando bazares.
“Nós precisamos muito deste dinheiro para ele conseguir realizar a cirurgia, queremos vencer mais essa luta”, explica Ana Paula Pontes de Oliveira, mãe de Diogo.
Primeiros sintomas
Menino já sofreu dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), uma situação considerada rara para crianças
Arquivo pessoal
Ana Paula conta que Diogo sempre foi uma criança saudável e alegre, e que nunca apresentou sinais de qualquer doença.
Até que, em uma noite, em 2022, o menino estava brincando e procurou a mãe para dizer que estava com tontura. Entretanto, como ele aparentava estar bem e dando risada, Ana Paula pensou ser alguma brincadeira.
“Depois desse episódio, ele me procurou novamente para falar que tinha fechado a mão no armário, mas, como eu procurei hematomas e não encontrei, acreditei que fosse outra brincadeira dele. Hoje acredito que ele já estava sentindo alguns sintomas, mas, como é criança, não soube expressar.”
Em seguida, o menino começou a dar outros sinais de que não estava bem, como cair ao tentar subir na cama e amanhecer com o braço esquerdo paralisado.
“Na manhã seguinte, fui arrumar ele para a escola e notei que o braço esquerdo dele não estava mexendo, mas, como ele estava sonolento e era muito cedo, imaginei que fosse preguiça. Quando chegamos à escola, ele não conseguia mover a perna esquerda também, e acabou caindo. Nessa hora, eu me desesperei e levei ele para o Pronto Atendimento”, conta.
Idas ao médico
Diogo chegou a ser levado para o Pronto Atendimento de Votorantim (SP) três vezes
Arquivo pessoal
Diogo chegou a ser levado para o Pronto Atendimento de Votorantim três vezes. Na primeira, de acordo com a mãe, a médica que o atendeu disse que poderia ser reação a algum remédio, medicou a criança e pediu para eles retornassem para casa.
“Quando chegamos em casa, ele começou a piorar, o lado esquerdo do corpinho dele estava cada vez mais paralisado, então levei ele novamente no Pronto Atendimento. Chegando lá, disseram mais uma vez que ele precisava de apenas uma medicação e que deveria voltar para casa, e retornar para o hospital caso piorasse.”
E foi o que aconteceu. Diogo precisou ser levado pela terceira vez ao Pronto Atendimento. Na ocasião, ele começou a ter espasmos no rosto e no braço esquerdo. Chegando ao hospital, a médica que estava com o caso dele suspeitou que ele pudesse estar com o braço quebrado e pediu uma transferência para o Hospital Regional de Sorocaba (SP).
No dia seguinte, o menino foi transferido. No Regional, foi feito um raio-X, no qual constou que o braço dele não estava quebrado. Com isso, uma ressonância foi feita para analisar o que poderia estar acontecendo com Diogo. Foi neste momento que os médicos descobriram que o menino havia sofrido um AVC.
“Quando recebemos o diagnóstico de AVC, meu mundo caiu, fiquei sem chão, ainda mais porque os médicos disseram que nunca tinham visto um caso de AVC em crianças, apenas em idosos. Por conta do quadro do meu filho ser raro, ele precisou ficar internado por volta de 16 dias para eles estudarem o que poderia ter desencadeado o AVC”, relata a mãe.
Depois de alguns dias de internação, nenhum médico conseguiu descobrir qual seria a causa do AVC e, de acordo com a mãe, como a criança aparentava estar melhor e sem sequelas, os médicos deram alta para ele, com uma guia médica para encaminhamento para um neurologista.
O especialista que atendeu Diogo disse que a criança estava bem, não precisava tomar medicamentos e que o retorno seria para seis meses depois.
Segundo AVC
Após sofrer segundo AVC, Diogo precisou fazer fisioterapia para recuperar os movimentos do corpo
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Uma semana depois da alta, Ana Paula notou que o lado direito do filho estava paralisando e, com medo de ficar sem respostas novamente, levou Diogo para um hospital particular.
O menino passou, novamente, por uma intensa bateria de exames, e os médicos descobriram que o que causou os danos cerebrais na criança foi uma obstrução nas artérias do cérebro dele.
A mãe explica que, de acordo com os médicos, essa obstrução das artérias em Diogo se comporta igual a uma síndrome rara chamada de moyamoya, mas, por enquanto, eles não podem afirmar com 100% de certeza que ele tem a doença.
Diogo ficou com sequelas do segundo AVC e passou a fazer acompanhamento com especialistas. Com pouco mais de um ano, ele já conseguiu recuperar 80% dos movimentos do corpo, relata Ana Paula.
Síndrome de moyamoya
Egmond Alves é neurocirurgião de Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
O médico neurocirurgião Egmond Alves explica que a síndrome de moyamoya é uma doença progressiva.
“Ela vai fechando aos pouquinhos as artérias do cérebro. As artérias acometidas são as carótidas internas. Com isso, o fluxo sanguíneo vai diminuindo e, aí, acontece o quadro clínico de Acidente Vascular Cerebral, ou o que chamamos de moyamoya pela obstrução”, diz.
Segundo o especialista, o único tratamento indicado para esses casos é o cirúrgico.
“No caso da síndrome moyamoya, o tratamento é cirúrgico. Uma microcirurgia vascular intracraniana é feita por meio de bypass, uma anastomose entre uma artéria de fora do crânio para uma artéria de dentro do crânio para suprir aquele sangue que não está chegando. Existe outro método também, mas o objetivo é o mesmo: fazer com que esse sangue chegue àquela área do cérebro que está com pouco suprimento”, esclarece o médico.
Diogo Miguel de Oliveira Bianchini e mãe a Ana Paula Pontes de Oliveira, de Votorantim (SP)
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*Colaborou sob supervisão de Ana Paula Yabiku
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