
*Artigo escrito por Dyego Frasson, advogado empresarial, especialista em ambientes de negócios e operações de M&A, e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG.
ESG sintetiza conceitos e práticas ambientais, sociais e de governança. Sua consolidação nas empresas e instituições vem se tornando uma estratégia de diferenciação e perenidade no ambiente corporativo.
Para além de atender a demandas éticas ou regulatórias, o ESG tem se mostrado uma oportunidade de criação de valor, impactando diretamente a percepção dos stakeholders e, consequentemente, o valor de mercado das empresas.
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O avanço normativo reflete essa tendência. No contexto europeu, a Diretiva CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), aprovada em 2022, exige que mais de 50 mil empresas na União Europeia relatem, de forma padronizada, suas práticas de sustentabilidade a partir de 2024.
Essa diretiva substitui a anterior NFRD (Non-Financial Reporting Directive), ampliando o escopo de obrigatoriedade e exigindo aderência aos European Sustainability Reporting Standards (ESRS).
É importante destacar o incremento dessa abordagem, que não se limita ao reporte: ela impõe transparência, responsabilidade e comparabilidade, fortalecendo a confiança dos investidores e mitigando o greenwashing.
No Brasil
O cenário brasileiro também aponta para uma adequação ao movimento normativo internacional. Prova disso é que a Resolução CVM nº 59/2021 foi substituída pela Resolução CVM nº 193/2023, a fim de regulamentar o reporte de informações de sustentabilidade com base nos padrões do ISSB (International Sustainability Standards Board).
As companhias abertas deverão adotar, de forma voluntária a partir de 2026 (e obrigatória a partir de 2027), os relatórios em conformidade com os padrões IFRS S1 e IFRS S2, que tratam de tópicos materiais de sustentabilidade e riscos climáticos, respectivamente.
Políticas ESG
Estudo publicado no Journal of Accounting and Economics demonstrou que empresas com boas práticas ESG em áreas materialmente relevantes para seus setores apresentam retornos superiores e menor volatilidade.
Além disso, o relatório “2023 Global Investor Survey”, da PwC, indica que 79% dos investidores consideram o desempenho ESG um critério decisivo na alocação de capital.
Quando as políticas ESG deixam de ser apenas compromissos no papel e passam a integrar efetivamente o planejamento estratégico, contribuem de forma significativa para o fortalecimento do valor de mercado da empresa.
No entanto, é essencial ir além das exigências regulatórias. O verdadeiro impacto ocorre quando essas práticas estão incorporadas ao cotidiano da organização — desde os sistemas de gestão até a definição da remuneração executiva, os processos de due diligence e, principalmente, a estrutura da governança corporativa.
Investir em políticas ESG deixou de ser apenas uma estratégia competitiva: tornou-se uma necessidade para a sustentabilidade das empresas no longo prazo.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.