
Em 5 de agosto de 2011, a agência S&P cortou a nota de crédito dos Estados Unidos de AAA para AA+, pela primeira vez na história, citando o crescente déficit fiscal e a paralisia no Congresso em torno do teto da dívida. A decisão pegou o mercado de surpresa.
O impacto foi imediato: o índice Dow Jones despencou 5,5% no dia seguinte, e as bolsas globais registraram perdas expressivas. Houve uma fuga para ativos considerados seguros — ironicamente, os próprios títulos do Tesouro americano — cujos rendimentos chegaram a cair diante da demanda. A volatilidade no VIX (índice do medo) disparou e analistas falaram em uma “mini crise de confiança”.
2025: Moody’s retira AAA dos Estados Unidos, mas mercados reagem com frieza
Quatorze anos depois, em 20 de maio de 2025, a Moody’s seguiu o mesmo caminho, rebaixando os EUA de Aaa para Aa1. A justificativa foi semelhante: dívida em trajetória insustentável e aumento dos custos de financiamento. Porém, desta vez, os mercados já vinham se preparando.
Os índices acionários americanos recuaram levemente após o anúncio — o S&P 500 caiu 0,4%, e o Nasdaq operou praticamente estável. Os juros dos Treasuries subiram momentaneamente, refletindo ajuste técnico, mas logo voltaram ao patamar anterior. O dólar oscilou, mas não houve movimento de fuga.
Por que a reação foi tão diferente?
A principal explicação é o fator surpresa. Em 2011, o rebaixamento era visto como improvável, o que amplificou os efeitos. Já em 2025, o mercado vinha sendo alertado sobre os riscos fiscais, especialmente após os déficits recordes de 2023 e 2024.
Além disso, a confiança no dólar como reserva de valor e na profundidade do mercado de Treasuries segue intacta. Apesar do rebaixamento, os EUA continuam sendo a maior economia do mundo, com um sistema financeiro altamente líquido. O risco percebido ainda é baixo.
Investidores mais tolerantes com o risco fiscal dos Estados Unidos
Especialistas apontam que os mercados se tornaram mais tolerantes — ou complacentes — com o risco fiscal americano. Embora o endividamento dos EUA esteja acima de 120% do PIB, não há concorrência real ao dólar como ativo seguro global. A ausência de alternativas confiáveis, como uma moeda digital chinesa plenamente conversível ou um euro estável, favorece os ativos americanos.
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O post Rebaixamento dos Estados Unidos em 2025 não assusta o mercado? Entenda apareceu primeiro em BM&C NEWS.