O exército de Israel informou neste sábado (17) que lançou “amplos bombardeios” na Faixa de Gaza nesta sexta-feira (16), como parte dos “estágios iniciais” de uma nova ofensiva no território palestino sitiado.
A defesa civil da Palestina informou à AFP que 10 corpos foram levados a hospitais de Gaza neste sábado como resultado dos bombardeios. Entre as vítimas estão uma criança e uma mulher grávida, que estavam em tendas na cidade de Khan Yunis.
Na sexta-feira, já haviam sido reportadas 100 mortes em decorrência dos ataques israelenses.
A ofensiva é parte da “expansão da batalha na Faixa de Gaza, com a finalidade de cumprir todos os objetivos da guerra, incluindo a libertação dos soldados sequestrados e a derrota do Hamas”, afirmou o exército de Israel em mensagem em árabe no Telegram.
A operação, chamada de “Operação Carruagens de Gideão”, chega em um momento em que o Estado de Israel está sendo pressionado a suspender seu bloqueio à ajuda humanitária em troca da libertação de um refém americano-israelense pelo Hamas.
Negociações
O Hamas afirmou à AFP que está em curso neste sábado, em Doha, no Catar, mais uma rodada de negociações diretas do grupo com Israel.
“Esta rodada de negociações começou sem quaisquer pré-condições de nenhum dos lados, e as negociações estão abertas à discussão de todas as questões”, disse Taher al-Nunu, alto funcionário do Hamas.
“O Hamas apresentará seu ponto de vista sobre todas as questões, especialmente o fim da guerra, a retirada (de Israel) e a troca de prisioneiros.”
Hospital em situação crítica
Marwan Sultan, diretor do Hospital Indonésio no norte da Faixa de Gaza, disse que a situação era “trágica e catastrófica” depois que seus arredores foram novamente atacados esta manhã, causando o desabamento de tetos e rachaduras nas paredes.
“As salas de cirurgia e as unidades de terapia intensiva estão completamente lotadas e não podemos receber mais casos críticos”, disse.
Sultan acrescentou que havia “uma grave escassez de unidades de sangue, medicamentos, suprimentos médicos e terapêuticos, além de procedimentos cirúrgicos”.
O diretor da unidade afirmou ainda que os médicos foram forçados a buscar sangue para transfusões de outros pacientes e até mesmo deles próprios “devido à impossibilidade de doações de cidadãos devido à desnutrição”.
Pressão para o cessar-fogo
Organizações humanitárias alertaram que o bloqueio criou escassez crítica de todo tipo de gêneros, desde alimentos e água limpa até combustível e medicamentos.
A situação vem aumentando a pressão internacional para um cessar-fogo na região. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu neste sábado um cessar-fogo permanente e imediato em Gaza, após Israel anunciar a intensificação dos bombardeios.
“Precisamos de um cessar-fogo permanente, agora”, disse Guterres em um encontro da Liga Árabe, que acontece neste sábado em Bagdá, no Iraque. “Estou alarmado com os planos de Israel de expandir as operações terrestres e muito mais.”
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, pediu ao presidente dos EUA, donald Trump, que pressionasse por um cessar-fogo em Gaza.
“Peço ao presidente Trump, como um líder que deseja consolidar a paz, que aplique todos os esforços e pressões necessários para um cessar-fogo na Faixa de Gaza”, o que abriria caminho “para um processo político sério no qual ele seria um mediador e um patrocinador”, disse Sisi em um discurso durante uma cúpula da Liga Árabe em Bagdá.
Líderes árabes pedem fundos para reconstrução
Na cúpula da Liga Árabe, líderes de países da região demandaram que a comunidade internacional destine fundos para financiar a reconstrução da Faixa de Gaza e do Líbano.
A declaração final do encontro pede que “países e instituições financeiras internacionais e regionais forneçam suporte financeiro imediato” para apoiar seu plano de reconstrução de Gaza.
O primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, afirmou que o país fornecerá US$ 40 milhões para a reconstrução do Líbano e de Gaza após as guerras com Israel.
O país apoia a criação de um “fundo árabe para apoiar os esforços de reconstrução” após as crises na região, disse Sudani a líderes árabes em Bagdá. O Iraque contribuirá com “US$ 20 milhões para a reconstrução de Gaza e US$ 20 milhões para a reconstrução do Líbano”, acrescentou.
Israel retomou sua ofensiva militar em Gaza em 18 de março, depois de uma trégua de dois meses na guerra contra o Hamas, que foi desencadeada pelo ataque do grupo islamista palestino em outubro de 2023.
Dos 251 reféns sequestrados durante o ataque do Hamas, 57 permanecem em Gaza, incluídos 34 que o Exército israelense afirma que estão mortos.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza afirma que 2.985 pessoas morreram desde que Israel retomou os bombardeios em 18 de março, o que eleva o número total de vítimas do genocídio para 53.119.
*com APF