‘Remoção truculenta no Moinho é prova do projeto autoritário do governo Tarcísio’, diz vereadora

Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a vereadora Luna Zarattini (PT-SP), que acompanhou de perto os confrontos na Favela do Moinho nos últimos dias, denunciou o papel do governo estadual no agravamento da crise. Para ela, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem operado dentro de um “projeto autoritário e higienista”, que promove remoções forçadas, reforça a repressão e expulsa os mais pobres do centro da capital.

“Essa remoção, que estava acontecendo de forma truculenta por parte do governo do estado, sem respeitar que ali é um terreno da União, é uma prova de que o governo Tarcísio não tem prestígio pela institucionalidade e tem um projeto cada vez mais autoritário”, afirma. “O que temos visto são ataques, violações à população em situação de vulnerabilidade, como o que aconteceu na Cracolândia. […] Isso faz parte de um projeto higienista de trazer o Palácio dos Bandeirantes para o centro de São Paulo”, denuncia.

A forte repressão policial que vinha ocorrendo há semanas na Favela do Moinho, no centro de São Paulo, teve fim nesta quinta-feira (15) graças a um acordo entre os governos federal e estadual, que garante uma solução definitiva de moradia para as famílias despejadas ou ameaçadas de despejo. Uma das condições da União para a cessão do território é o fim da violência contra os moradores. A vereadora definiu o momento como uma vitória da resistência popular e da mobilização das famílias, que estavam sendo pressionadas a sair do local à força pelo estado.

“Esses últimos dias na favela do Moinho foram de muito terror, de muita violência. Truculência policial, bomba, gás… A favela estava totalmente sitiada. Hoje, com a presença dos ministérios dos Direitos Humanos, da Justiça, da Gestão e das Cidades, ouvimos o anúncio do projeto de moradia do governo Lula. Foi um momento muito emocionante. Todo mundo chorou muito. São anos de luta, e esses últimos dias foram terríveis para as famílias, crianças e até bebês, que foram parar no hospital”, afirmou.

O acordo prevê o modelo de compra assistida, em que o governo federal arcará com R$ 180 mil e o estadual com R$ 70 mil por família, totalizando R$ 250 mil para garantir moradias definitivas às pessoas despejadas ou em risco de remoção. Até então, os moradores denunciavam propostas de crédito insuficientes, acordos descumpridos e demolições perigosas por parte da gestão de Tarcísio, por meio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).

“As pessoas se relacionam com território. As famílias têm relações com Unidades Básicas de Saúde (UBS), com escolas, com o comércio. Não é só mudar de lugar. É arrancar vínculos, é destruir vidas”, ressalta.

Zarattini criticou ainda a atuação conjunta do prefeito Ricardo Nunes (MDB) com o governo estadual no que seria uma política de remoções na região central da capital. “Isso se mistura com a prefeitura de São Paulo, que também tem adotado uma política autoritária, violenta. Eles têm um objetivo eleitoral para 2026 e fazem parecer que estão tentando resolver alguma questão, mas sabemos que é sempre por meio de violações e da violência.”

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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