O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), compareceu à Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Defesa do Consumidor (CTFC) do Senado Federal, nesta quinta-feira (15), atendendo a um requerimento aprovado pelos senadores bolsonaristas Sérgio Moro (União-PR) e Eduardo Girão (Novo-CE).
A tentativa de tensionamento estava posta desde o começo da sessão. Logo de início, o senador Sérgio Moro questionou declarações pessoais de bens do ministro. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), solicitou, portanto, que as perguntas se limitassem ao tema da convocação, o que foi reforçado pelo ministro da Previdência.
“Eu não me escuso em responder qualquer coisa da minha vida pessoal, particular, empresarial, (…) mas eu acredito que levo em conta aqui a ponderação do senador Jaques Wagner, de que nós temos estamos sendo assistidos aqui por milhares, talvez milhões de pessoas, e muitas delas são aposentadas, e pensionistas, estão esperando uma palavra nossa sobre os fatos que aconteceram”, ponderou o Queiróz. “Eu me preparei para isso e gostaria de ter o tempo aproveitado para isso, até para não desanimar aqueles que nos assistem que estão esperando os assuntos relativos ao requerimento que foi para falar sobre as fraudes ao INSS”, disse o ministro.
Em seguida, iniciou-se uma série de confrontos verbais. “Não é verdade que esse assunto surgiu só agora em 2025, é um assunto que já havia um alerta dentro do ministério, do Conselho Nacional de Previdência Social, já em junho de 2023. Por que que não foi tomada nenhuma providência naquele momento?”, questionou Moro.
“Na verdade, senador, esse assunto não veio à tona nessa reunião, porque esse assunto veio à tona em 2019, quando houve uma uma solicitação do TCU para que fosse editada aquela medida provisória que estabelecia a revalidação. Então, isso é anterior”, respondeu Queiroz.
Em outro momento, o ministro da Previdência citou matéria do Jornal Nacional, da Rede Globo, exibida na quarta-feira (14), e que revelou a existência de uma denúncia formal sobre os descontos associativos ilegais em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), quando Sérgio Moro ocupava o cargo de ministro da Justiça.
“Essas denúncias foram feitas em 2020, senador. Parece que vossa excelência era o ministro da Justiça nessa época. Vossa excelência fez alguma coisa para coibir essas fraudes?”, questionou Queiroz.
“Não, não chegou ao meu conhecimento, mas a de vossa excelência chegou”, retrucou Moro.
“Vossa Excelência como ministro da Justiça tem muito mais obrigação de saber do que eu”, replicou o ministro. “Foi nosso governo que chamou a polícia”, atestou.
A discussão foi interrompida pelo presidente da comissão, o senador Dr. Hiran (PP-RR), dando continuidade à oitiva.
Outro requerente da audiência, o senador Girão também provocou o ministro da Previdência. “É importante a gente lembrar aqui que quem revelou para o Brasil esse escândalo foi a mídia brasileira. A mídia brasileira foi que revelou lá atrás. Agora os senhores sabiam. Se revelou lá atrás, desde 2023, os senhores sabiam”, disse o parlamentar, que logo levou uma invertida do ministro.
“Senador, me permita, se revelou lá atrás, revelou lá em 2020, como o Jornal Nacional demonstrou ontem, que estava na imprensa uma denúncia formal à Polícia Federal, a Polícia Federal investigou e arquivou. Então, se for para considerar o que a imprensa falava, vamos ter que começar a responsabilizar o que aconteceu para trás”, disse Queiroz.