Os grupos Paper Excellence e J&F chegaram a um acordo que põe fim a um dos litígios empresariais mais intensos do país: a disputa pelo controle da Eldorado Brasil Celulose. Segundo apuração da coluna, a J&F está pagando US$ 2,7 bilhões (R$ 15,2 bilhões) pela fatia de 49,41% da companhia detida pela Paper Excellence. O valor em dólares é quase o dobro do que a Paper pagou em 2017; em reais, considerando a cotação da época, o valor quadruplicou em relação aos R$ 3,8 bilhões inicialmente desembolsados.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da J&F, estão pagando um múltiplo de 10 vezes a margem Ebitda da Eldorado, acima da média de avaliação de empresas concorrentes, que varia entre 4,7 e 6,2 vezes o Ebitda.
O desfecho ocorre após gastos milionários com escritórios de advocacia e uma batalha judicial que se estendeu por tribunais no Brasil e cortes arbitrais em Miami e Paris.
Apesar do acordo, a operação ainda não foi totalmente concluída. A expectativa é que o pagamento seja efetivado ainda essa semana, por meio de depósito em uma conta escrow no banco BTG Pactual, responsável por assessorar a transação, como já havia feito em 2017. O contrato final será assinado nesta quinta-feira, mas sem o tradicional encontro entre as partes.
“Não houve nenhuma negociação direta entre o Joesley e Wesley e o Jackson, nem sobre preço”, afirmou uma fonte próxima ao processo. “Eles não vão se contratar nem na assinatura”.
Apesar da venda, o presidente da Paper Excellence no Brasil, Claudio Cotrim, continuará na companhia, que segue com planos estratégicos para o país e não descarta novas aquisições no Brasil ou no exterior.
A disputa teve início em 2018, quando os Batista, donos de 51% da Eldorado, passaram a contestar o valor acordado com a Paper Excellence para a venda do controle total. Embora a Paper tenha vencido a arbitragem e depositado R$ 11,2 bilhões em juízo, a J&F recorreu à Justiça para anular o resultado.
A entrada da Paper no capital da Eldorado começou em 2017, com a aquisição de 13% das ações via emissão da própria empresa e a compra de participações da Funcef e Petros, reunidas no FIP Florestal, por R$ 3,8 bilhões.
No ano passado, os Batista chegaram a propor ao indonésio Jackson Widjaja, CEO da Paper Excellence, um valor adicional de R$ 6 bilhões para encerrar a disputa, sem sucesso. A tensão entre os grupos aumentou, e a J&F passou a questionar até mesmo a constitucionalidade da lei de arbitragem e a legalidade da transferência de terras brasileiras para estrangeiros, com ações civis para impedir a transação.
Com o novo acordo, a J&F consolida o controle integral da Eldorado, encerrando um dos capítulos mais emblemáticos do setor de papel e celulose no Brasil.
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