Os moradores da favela do Moinho realizaram no fim da tarde desta quarta-feira (14) um protesto contra a demolição das casas já desocupadas da comunidade e em repúdio à presença da Polícia Militar. O ato fechou a avenida Rio Branco, que passa ao lado da comunidade.
Em poucos minutos após o início do protesto pacífico, o Batalhão de Choque chegou e atacou os moradores com balas de borracha e gás lacrimogêneo. As ações foram testemunhadas pela reportagem do Brasil de Fato.
A ação violenta da polícia durou cerca de dez minutos e deixou moradores feridos e afetou bebês que moram na comunidade. Um morador que se identificou como Jones saiu da favela com uma criança pequena nos braços. Revoltado, ele afirmou que a polícia jogou gás pimenta para dentro da área. “Os caras não estão respeitando nem família mais”, disse.
Maria Vitória, também moradora do local, saiu da comunidade durante a ação da PM para proteger seu filho, um bebê de colo. “Eu estava em casa e comecei a escutar o barulho das bombas e meu filho tem problema de respiração, não pode tomar susto. Quando eu ia saindo da favela eles iam soltando bombas de efeito moral e começou a passar mal”, disse emocionada, na parte de fora da comunidade.
Os moradores acusam a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) de não cumprir o acordo firmado com a comunidade de demolir as casas apenas após a saída de todos os moradores do local. Nesta terça-feira (13), a PM já havia atacado os moradores após alguns deles resistirem à demolição de casas dentro da favela, a última da região central da capital paulista.
Também nesta terça, após a repressão policial, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) informou que interromperá a cessão da área onde está a favela. “O governo federal não compactua com qualquer uso de força policial contra a população”, informou o ministério.
“Diante da forma como o Governo do Estado de São Paulo está conduzindo a descaracterização das moradias desocupadas na favela do Moinho, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) vai expedir, ainda nesta terça-feira, 13 de maio, uma notificação extrajudicial paralisando o processo de cessão daquela área para o governo do Estado”, diz a nota publicada pela pasta.
*matéria em atualização