
Criar um livro que nasceu da imersão no ecossistema que considero um dos mais ricos da costa brasileira é, para mim, como carregar um pedaço da própria natureza.
E foi com essa responsabilidade nos ombros que fui a Brasília, onde pude entregar pessoalmente à Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o livro Baía das Tartarugas: Riqueza Marinha na Capital do Espírito Santo.

Uma obra que representa anos de trabalho dedicado a registrar, proteger e dar visibilidade a uma das áreas pela qual tenho um profundo carinho.
Um território que é parte de minha história. Onde meu finado pai me levava, quando criança, para ter contato com a natureza. Conhecia os seres marinhos que ali habitavam e minha imaginação ia longe com histórias de seres fantasiosos que meu pai inventava como forma de brincadeira.
A Baía das Tartarugas, localizada em Vitória-ES faz parte de mim. De quem sou hoje!
A missão de inspirar
Minha jornada como fotógrafo de natureza me ensinou que a imagem, quando acompanhada da história certa, tem o poder de abrir caminhos que argumentos isolados não conseguem.
E foi isso que me motivou a fazer dessa entrega um gesto simbólico. Levar à representante do principal órgão responsável pela formulação e coordenação das políticas públicas ambientais no Brasil, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), um retrato de nossa biodiversidade, de nossa cultura e de nossas comunidades costeiras.
Quis que ela visse com seus próprios olhos o que está em jogo quando falamos de conservação dos territórios capixabas.
Também tive a sorte de o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, estar presente para ouvir minhas palavras. Agradeço a ele por pacientemente adiar, mesmo que por alguns minutos, sua agenda com a Ministra.
Por trás das lentes, o coração
Foram anos de caminhada, madrugadas acordado esperando a luz certa, mergulhos em águas turvas e diálogos que iam de pescadores a políticos.
Cada página do livro guarda imagens feitas com muito suor e também minhas memórias. E que tenho a necessidade de compartilhar com as pessoas. Porque assim como eu fui sensibilizado ao ter contato com a biodiversidade, elas terão a chance de serem também.

Lembro com carinho de quando meu pai me mostrou pela primeira vez uma tartaruga marinha na Praia de Camburi ou quando encontramos, com o coração apertado, um grupo de dezenas de arraias mortas por redes ilegais e descartadas como se não valessem nada.
Histórias como essas, cheias de emoção, me deram a certeza de que era preciso ir além da de minhas experiências pessoais que me fizeram apaixonar pela biodiversidade local — era preciso levar essa realidade até onde decisões são tomadas.
Produtos culturais como ferramentas de conservação
“Baía das Tartarugas” nasceu para ser visto com atenção, para se contemplar as imagens, provocar reflexões e influenciar atitudes positivas para a conservação.
Mostra o Espírito Santo sob minha ótica emocionada: a do litoral vivo, pulsante e ameaçado. Mostrando que existe gente que se importa com sua proteção. E não falo apenas de mim, mas também de todos os colegas que se dedicam a essa causa (que também são retratados).
Uma publicação que ao planejá-la, não tive a intenção de que fosse comercializada, mas sim distribuída a formadores de opinião, ambientalistas, professores, alunos, bibliotecas, lideranças comunitárias e, agora, a autoridades nacionais.
Conferência Nacional do Meio Ambiente
A entrega do presente à Ministra aconteceu durante a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, em Brasília. Um encontro histórico, que não acontecia há muitos anos, e que reuniu representantes de todo o país para discutir a emergência climática e a transformação ecológica.
Estar ali, representando o Instituto Últimos Refúgios e o Espírito Santo, foi uma honra. A delegação capixaba, composta por 36 pessoas, levou para o centro do poder político brasileiro as vozes e os clamores de nossa terra.



Pessoas comprometidas com sua causas e que cada história que me era contada, me fazia ficar feliz por compartilhar essa responsabilidade com eles.
Deixo aqui meu muito obrigado pela amizade e parceria que todos me despenderam.
Um gesto simples
Ao entregar o livro à ministra, olhei nos olhos dela e falei com a verdade de quem vive a natureza no dia a dia.
Não foi uma cerimônia oficial, mas sim uma oportunidade que nem eu esperava. Tentei aproveitar da melhor forma, apresentando minha causa. Afinal, não é todo dia que temos a oportunidade de ter a atenção de pessoas com tanto poder de transformação.
Marina, que sempre defendeu as causas ambientais, recebeu o livro com atenção e respeito, me ouvindo por longos minutos sobre minha causa, ideias e frustrações relacionados à causa ambiental.
Ali, percebi que nossas imagens estavam exatamente onde deveriam estar: nas mãos de alguém que se for sensibilizada, pode transformar a mensagem em políticas públicas.
Obviamente, não sou iludido em pensar que apenas minhas palavras possam influenciar uma Ministra. Porém, acredito que todas as pequenas vozes, como a minha, unidas por um bem comum, podem sim, de alguma forma, fazer a diferença.
É hora de restaurar
Quando me perguntam o motivo pelo qual me dedico tanto às causas ambientais, tento explicar. Porém, muitas vezes sinto que a maioria das pessoas não consegue compreender. O que falo é muito distante de suas realidades. Isso por vezes me frustra.
Porém, ao participar da conferência, senti que ali naquele lugar, eu não precisaria explicar o motivo para ninguém. Todos ali sabiam. Milhares de pessoas tão apaixonadas e comprometidas, ou mais, do que eu. Isso foi emocionante.
O evento também me mostrou, com ainda mais clareza, que não basta apenas proteger o que ainda resta da natureza.
Estamos num ponto em que precisamos restaurar ecossistemas e, acima de tudo, nos preparar para as consequências das ações humanas do passado. Elas estão chegando e vamos todos sentir.
A fotografia, nesse contexto, ao menos para mim, deixa de ser apenas contemplativa — ela se torna uma forma de resistência.
Esperança
A Baía das Tartarugas é, para mim, nascido em Vitória-ES, um símbolo de uma luta coletiva por dignidade ambiental, por pertencimento, por um futuro.
Que essa história sirva como convite para olharmos com mais cuidado para o nosso litoral, para valorizarmos os territórios e para lembrarmos que cada gesto, por menor que pareça, pode fazer parte de algo maior.
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Espero que tenham gostado desta história. Te vejo na próxima aventura!