Após semanas de operações policiais cotidianas na favela do Moinho, na região central de São Paulo, os moradores da comunidade se unem para pedir intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na área. O terreno pertence à União e seria cedido ao governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a construção de um parque.
Nesta terça-feira (14), o Moinho amanheceu com forte presença policial, com todas as saídas e quarteirões próximos à favela fechados. A ação foi encarada pelos moradores como uma provocação de Tarcísio de Freitas ao governo federal.
No dia anterior, a Polícia Militar havia escoltado servidores da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) para que trabalhassem na demolição de casas das famílias que aderiram ao acordo com o governo estadual para sair do local. Após protesto dos moradores, houve repressão com uso de gás pimenta e balas de borracha e prisão de duas pessoas. A ação foi testemunhada pela reportagem do Brasil de Fato.
O protesto começou por conta do rompimento de um acordo do governo estadual com os moradores, que previa a demolição dos imóveis vazios apenas após a desocupação de todas as casas. A operação também vai na contramão das condições previstas pelo governo federal para a cessão do terreno.
Ainda nesta segunda, após a violência contra a comunidade, a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) informou que notificaria o governo de São Paulo extrajudicialmente para paralisar a cessão do terreno onde está o Moinho, com a justificativa do uso excessivo da força policial na área.
Os moradores do Moinho receberam a notificação da SPU como uma vitória política. Porém, por ser um documento extrajudicial, oferece pouca segurança à comunidade, que segue sob a mira da Polícia Militar. Por isso, a comunidade deve insistir, nos próximos dias, na presença do governo federal e em uma intervenção direta de Lula. Por ser uma área da União, é possível determinar que o estado de São Paulo se retire da área.
Questionada sobre a insistência do Palácio dos Bandeirantes em utilizar ostensivamente a Polícia Militar na favela do Moinho, a SPU enviou uma curta resposta ao Brasil de Fato. “Conforme nota divulgada ontem, confirmamos a expedição, pelo SPU/MGI, na noite de ontem (13), da notificação extrajudical ao governo de São Paulo paralisando o processo de cessão da área”, afirmou a SPU.