A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira (14), a segunda fase da Operação Sem Desconto, que investiga o esquema fraudulento de descontos irregulares em aposentadorias e pensões concedidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, contra Cícero Marcelino de Souza Santos, apontado pela PF como assessor do presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, e Ingrid Pikinskeni Morais Santos, sócia e mulher de Cícero.
Ainda de acordo com documentos da PF da primeira fase da operação, “uma trilha financeira suspeita envolve a associação em que Carlos Roberto Ferreira Lopes é presidente, a Conafer, que recebeu mais de R$ 100 milhões do Fundo do RGPS/INSS”.
“Parte desse valor, R$ 812.000,00, foi repassado para a Carlos Roberto Ferreira Lopes, que, em seguida, direcionou a Cícero Marcelino, a Ingrid Pikinskeni e a algumas das empresas do casal”, informou a PF.
“Como analisado, vultosas somas são enviadas diretamente pela Conafer para Cícero Marcelino, Ingrid Pikinskeni e suas empresas, sendo que, posteriormente, o dinheiro aparenta circular pelas diversas empresas do grupo. Esses fluxos sugerem um mecanismo de dispersão de recursos por meio de entidades e empresas controladas por indivíduos ligados à associação e ao esquema. A origem desses recursos, que passaram por diversas associações e empresas, portanto, levanta suspeitas de lavagem de dinheiro”, diz a PF em outro trecho.
De acordo com a Polícia, associações de classe – como sindicatos, federações e confederações de trabalhadores – que oferecem serviços a aposentados e pensionistas, cadastraram beneficiários sem autorização para que os descontos para o pagamento de contribuição associativa fossem feitos.
Na primeira fase da operação, em 23 de abril, foram cumpridos 192 mandados de prisão e 701 mandados de busca e apreensão. O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, também foi demitido por ordem judicial. Dias depois, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão.