Como parcerias entre governo, academia e mercado estão transformando o ES

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*Artigo escrito por Nadia Moreira, professora, coordenadora do Programa Acadêmico de Pós-Graduação da Fucape e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Inovação e Tecnologia do Ibef-ES.

O conceito de tríplice hélice, desenvolvido por Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff, na década de 1990, propõe que a interação entre universidade-indústria-governo é a chave para a inovação e o crescimento econômico em uma economia baseada no conhecimento.

A convivência entre os mundos público, acadêmico e empresarial deixou de ser promissora — hoje, é essencial para o desenvolvimento econômico local.

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Nos EUA, o programa SBIR (Small Business Innovation Research) é uma parceria tríplice hélice que gerou mais de 70 mil patentes e 700 mil empregos desde 1982.

Além disso, o estudo da Brookings Institution (2021) sobre ecossistemas de inovação nos EUA mostra que regiões com hubs tripartites, onde universidades, empresas e governo atuam em cooperação estruturada, apresentam crescimento de PIB local até 15% superior no médio prazo.

Espírito Santo

No Espírito Santo, esse modelo tem sido implementado de forma efetiva, com resultados concretos em diversas áreas. Um exemplo disso é o Findeslab.

O hub de inovação, que recebe apoio governamental e empresarial, articula desafios concretos com o suporte técnico de especialistas acadêmicos.

Em 2024, foi reconhecido pelo ranking 100 Open Startups como um dos três principais ecossistemas de inovação do Brasil.

Desde 2019, já investiu R$ 36 milhões em startups e projetos de inovação e já lançou cinco editais de Empreendedorismo Industrial, conectando startups a desafios reais das indústrias locais.

Nem toda parceria se dá por financiamento. O Programa SEEDES (Startups e Empreendedorismo Estadual em Desenvolvimento no Espírito Santo) foi financiado pelo governo do estado e contou com a participação de empreendedores por meio de mentorias e acompanhamento das startups.

O SEEDES investiu R$ 3 milhões nas 30 startups selecionadas gerando um faturamento conjunto de R$ 9,7 milhões e empregando diretamente 107 pessoas.

Educação e universidades

A educação também desempenha um papel central. O programa UniversidadES, que inclui a Universidade Aberta Capixaba (UnAC), já ofertou mais de 8 mil vagas gratuitas em cursos superiores desde sua criação.

Com foco nas áreas STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), a iniciativa promove a formação de talentos qualificados para atender às demandas locais por mão de obra especializada.

Parcerias tríplice hélice trazem investimentos para o estado, geram empregos qualificados em setores de alta tecnologia, trazem novas oportunidades de negócios e soluções inovadoras, fortalecendo a competitividade do estado.

E para que esses avanços sejam ampliados e sustentáveis, é essencial fortalecer iniciativas que unam governo, instituições de ensino e empresas em torno de uma agenda comum de inovação.

Esses resultados vão além dos números — mostram que a cooperação estruturada entre os três setores é o motor mais confiável para posicionar o Espírito Santo como um dos principais polos de inovação do país.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

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