“Eu conheço muita gente, muitos presidentes, muitos políticos, mas nenhum se iguala à grandeza da alma do Pepe Mujica”, disse o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na manhã desta quarta-feira (14) em Pequim.
Lula encerrou sua visita de Estado ao país asiático em coletiva de imprensa, na qual disse que o dia “começou muito ruim, muito triste, porque logo cedo eu fiquei sabendo da morte do companheiro Pepe Mujica“.
O presidente afirmou que, chegando a Brasília, pretende ir ao enterro do líder popular uruguaio. “O mínimo que a gente tem que fazer é se despedir das pessoas que serviram de referência pra gente”.
Mujica havia expressado seu desejo de ser cremado e que as cinzas fossem espalhadas em sua chácara em Rincón del Cerro, na zona rural da capital uruguaia, Montevidéu. A última vez que Lula esteve na chácara foi em dezembro do ano passado, quando condecorou Mujica com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.
Mujica foi uma das principais vozes em defesa da liberdade de Lula em sua última prisão, e o visitou em junho de 2018 na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba (PR)
Último adeus
Lula disse que quando o visitou nessa ocasião, tinha certeza que seria a última vez que veria o líder uruguaio. “Tinha certeza porque ele mesmo dizia que tava no fim, ele não escondeu em nenhum momento a gravidade da evolução da sua doença”, destacou.
“Lula, eu tô indo embora”, teria dito Mujica a Lula, “com a mesma serenidade com a qual governava o Uruguai”.
O presidente brasileiro reiterou a singularidade do ex-presidente do vizinho sul-americano: “É muito difícil você encontrar duas ou três pessoas no mundo com o caráter, a dignidade e a postura dele”.
“A carne se vai, mas as ideias ficam. Espero que as pessoas que estão aqui tirem proveito das ideias e dos ensinamentos do Pepe Mujica”, concluiu Lula.