
‘Videomaker’ e marinheiro que atuaram em resgate no domingo (11) são moradores de Brasília Teimosa. PM do Batalhão Especializado em Policiamento também ajudou no salvamento. Vídeo mostra momento em que jovens quase se afogam na praia de Brasília Teimosa, no Recife
“Todo mundo que estava ali naquele momento, estava porque deveria estar”. Foi assim que o “videomaker” Dilson Rodrigues dos Santos, conhecido como Madrone, definiu a união de esforços para o resgate de dois amigos que quase se afogaram no último domingo (11) na praia de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, num trecho conhecido como “Buraco da Veia”.
Era pouco depois das 17h e a maré passava de dois metros quando os amigos Esther Almeida, de 19 anos, e Gustavo Cruz, de 20 anos, foram avistados, pelos banhistas que estavam na praia, sendo arrastados pela correnteza. O “videomaker” Madrone era um deles.
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Em entrevista ao g1, Madrone contou que sempre viveu no bairro de Brasília Teimosa e costuma ir à praia todos os dias para fazer imagens com seu drone. Ele estava registrando o pôr do sol quando percebeu uma movimentação atípica dos banhistas e pessoas apontando para o mar.
“Eu estava com o drone apontado lá para o pôr do sol. Já olhei a carga da bateria e disse, ‘dá para ir lá e voltar’”, contou.
Quando Madrone percebeu o afogamento, Esther Almeida estava a cerca de 150 metros de distância e Gustavo Cruz a 200 metros, segundo ele. Após a jovem ser retirada do mar por dois rapazes, o “videomaker” teve a ideia de usar seu drone para ajudar o marinheiro Paulo Gabriell Alcântara a resgatar Gustavo. Paulo estava de folga e curtia a tarde de praia com amigos.
Segundo Madrone, que conhece bem a geografia da região, ele acredita que o marinheiro pulou no mar “por instinto” para salvar o rapaz, mas percebeu que ele teria dificuldade para localizar a vítima por conta da visibilidade ruim.
“Peguei o drone e comecei a voar em cima do menino que pulou e depois parei em cima de onde estava a vítima. Fiquei fazendo essa essa rota. Acho que eu fiz umas duas vezes até ele entender que eu estava guiando ele. Quando ele olhou pra cima, que entendeu, já encontrou a outra vítima”, contou Madrone.
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Após encontrar o rapaz e começar a tirá-lo da água, Paulo Gabriell Alcântara foi alcançado pelo tenente Roger Oliveira da Silva, do Segundo Batalhão Especializado em Policiamento no Interior (Bepi). Juntos, o marinheiro e o PM conduziram Gustavo Cruz para fora da água.
Além de “videomaker”, Madrone também administra o perfil Pina Ordinário, no Instagram, e faz trabalhos independentes. Segundo ele, algumas pessoas não entenderam o propósito da intervenção e criticaram o uso do drone no momento do salvamento.
“Eu ainda fui muito criticado porque o pessoal estava falando que botei o drone para lá para gravar desgraça, que estava correndo atrás de visualizações. Até quando a gente está fazendo algo para o bem, a gente é criticado; então, é nenhuma!”, comentou.
Dilson Rodrigues dos Santos, conhecido como Madrone, é filmmaker autônomo
Acervo pessoal
Marinheiro de folga
O marinheiro Paulo Gabriell Alcântara estava aproveitando o fim da tarde na praia com os amigos quando percebeu a agitação de banhistas indicando que alguém se afogava no mar. Nascido e criado no bairro de Brasília Teimosa, assim como Madrone, o jovem de 20 anos se jogou na água para alcançar Gustavo.
Segundo Paulo Gabriell, após entrar no mar, ele enfrentou dificuldades para se localizar em relação à terra, por conta da força do vento e da correnteza.
“Comecei a olhar pra trás, olhava para o drone e sabia que se o drone ficasse num local parado, alinhado, eu poderia me basear por ele também. Daí ele começou a ajudar bastante, porque até então eu olhava pra trás e via que estava me movendo na lateral, mas não sabia o quanto”, explicou o marinheiro ao g1.
Até Madrone conseguir efetivamente guiar Paulo Gabriell até Gustavo, o jovem nadou o suficiente para perder de vista os banhistas que estavam na praia.
“Mesmo sem ver nada, comecei a entrar no mar na direção que eles estavam informando. Conforme ia entrando, ia me distanciando mais. Já estava ficando sem esperança. Estava tão longe que não estava nem vendo mais o que o pessoal estava sinalizando. Era muita gente fazendo gestos, mas eu não sabia identificar o que era. Daí o rapaz do drone veio me acompanhando”, lembrou.
Além da distância que o marinheiro precisou nadar até alcançar a vítima, Madrone pontuou que, a geografia do mar daquela região, com muitas pedras e arrecifes, fazia do resgate uma missão ainda mais difícil. Para ele, Paulo ser familiarizado com a praia ajudou a fazer com que todos voltassem à terra com vida.
“O que Paulo sentiu na hora foi o instinto. É mais fácil o morador aqui da Brasília tirar quem está do outro lado do mar do que os próprios guarda-vidas, porque não conhecem os locais, não sabem onde subir na pedra, não sabem qual local é melhor de voltar do mar”, disse Madrone.
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