Nesta segunda-feira (12), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o incêndio na Pousada Garoa ouviu a sócia proprietária da empresa Protege Comércio de Extintores, Joseli Nogueira de Souza. A empresa presta serviços para as Pousadas Garoa desde 2024. Em abril do ano passado, segundo Joseli, foi solicitada vistoria nos extintores de incêndio ao proprietário da pousada. “No dia do incêndio, eu mandei um WhatsApp para o André (Kologeski, proprietário das Pousadas Garoa), mas não recebi retorno. À noite, pegou fogo na pousada”, relatou.
Conforme Joseli, as vistorias feitas por sua empresa são para verificar o vencimento dos extintores. Qualquer outro tipo de vistoria técnica, tais como Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI), é realizada pelo Corpo de Bombeiros. Ela contou que, somente após o incêndio e notificação dos Bombeiros, o proprietário da pousada fechou contrato para a empresa Protege trocar os extintores vencidos e também de treinamento de Brigada de Incêndio, este já em 2025. De acordo com a testemunha, eram em torno de seis ou sete extintores vencidos entre todas as Pousadas Garoa em que sua empresa prestou serviço.
Quando questionada sobre de quem é a responsabilidade quanto à fiscalização das condições dos extintores de incêndio, Joseli afirmou ser do proprietário. Por fim, os vereadores integrantes da CPI solicitaram à testemunha cópia do orçamento produzido por sua empresa antes do incêndio na Pousada Garoa – que não foi executado –, bem como o orçamento do serviço realizado após o ocorrido.
‘Alguns preferem morar na rua do que morar em uma Pousada Garoa’
A CPI também ouviu, na reunião de hoje, a curadora judicial Vanessa Canabarro, que atende moradores das Pousadas Garoa. Ela relatou que já frequentou estes locais diversas vezes e classificou as condições das pousadas como “péssimas” e “insalubres”, devido a fiação solta e a sujeira. “Alguns dos meus curatelados preferem morar na rua do que morar em uma Pousada Garoa”, completou.

Quanto às condições de segurança da pousada antes do incêndio, Vanessa disse que não havia saídas de emergência, nem rotas de fuga; as janelas e portas eram todas trancadas com cadeado. “Era uma tragédia anunciada”, apontou. “Já cheguei à noite e a pousada estava fechada com cadeado. Eu consegui entrar com muita insistência. Isso inclusive após o incêndio. Todas as vezes que eu entrei um uma Pousada Garoa, eu fui intimidada”, contou.
De acordo com a curadora, a Prefeitura não entrou em contato com nenhum de seus curatelados depois do incêndio. “Essas pessoas que estavam ali não foram direcionadas para nenhum local”, garantiu. Revelou ainda que alguns foram ameaçados após o ocorrido e que ficaram com medo de falar, sob pena de perder os auxílios da Prefeitura. Quando questionada, ela disse que não poderia citar os nomes dos envolvidos.
Em relação à presença de facções dentro da Pousada Garoa, a advogada disse que não poderia afirmar que havia, mas que “há pessoas com tornozeleira (eletrônica) e pessoas do tráfico, e essas pessoas dominam e as outras obedecem”. Vanessa também contou que na ocasião do incêndio, tinha um curatelado seu na Pousada Garoa da Farrapos, chamado Jorge, cujo sobrenome não se recordava. Ele não estava lá pela Prefeitura, e sim, junto com um amigo.
Vanessa finalizou relatando que já fez denúncia no Ministério Público, via petição nos autos, sobre as condições de moradia inadequadas de seus curatelados nas Pousadas Garoa.
Editado por: Sul 21
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