Copom muda tom e não adianta novo aumento da Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu deixar em aberto o futuro da taxa básica de juros da economia nacional até sua próxima reunião, nos dias 17 e 18 de junho. Diferentemente do que fez nas últimas vezes em que debateu a Selic, o grupo não deu indicações de que vai voltar a elevar a taxa num futuro próximo.

A ata da última reunião do Copom, encerrada na última quarta-feira (7), foi divulgada nesta terça (13). No encontro, o comitê decidiu elevar a Selic de 14,25% ao ano e foi para 14,75% ao ano – o maior patamar para a taxa desde 2006 – para tentar reduzir a inflação.

Essa foi a sexta alta seguida definida pelo grupo formado por diretores do BC. Junto com ela, porém, não veio o aviso claro que a Selic voltará a ser elevada.

“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, diz a ata do encontro.

No final de janeiro, quando o órgão havia elevado a Selic em 1 ponto percentual, ele havia tido uma postura diferente: “Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, antecipou o comitê.

Segundo o Copom, desta vez o cenário externo, ainda antes do anúncio da trégua na guerra comercial entre China e Estados Unidos, é desafiador. O grupo acrescentou que a inflação no país segue acima da meta. Por isso, a Selic precisava subir.

A decisão para o futuro, segundo o Comitê, pode ser diferente.

Economistas vinculados a bancos preveem que o Copom não volte a elevar a taxa básica de juros neste ano. A expectativa está registrada na última edição do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (12).

O boletim é elaborado pelo BC com as previsões dos economistas ligados ao chamado mercado financeiro para os principais indicadores da economia nacional. Até semana passada, os bancos estimavam que a taxa chegasse a 15% ao ano em junho.

Nesta semana, os bancos também reduziram sua expectativa para a inflação do país. Até a semana passada, os bancos estimavam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechasse 2025 em 5,53%. Há um mês, a expectativa era ainda maior: 5,65%. Agora, está em 5,51%.

Nos 12 meses encerrados em abril, a alta acumulada era de 5,48%. A meta do governo é que a inflação fique abaixo dos 4,5% em 2025.

As instituições financeiras ainda preveem que a economia cresça 2% neste ano, a mesma da semana passada.

A estimativa para o dólar é de que a moeda feche o ano cotado a R$ 5,85. Hoje, a cotação está em cerca de R$ 5,70.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.