Jovem denuncia estupro em entrevista de emprego no Pará


Suspeito nega e afirma que foi alvo de ‘versão criada’. Mulher disse à polícia que proprietário de concessionária chegou a questionar se ela era virgem e casada. Defesa diz que vai provar inocência. Jovem afirma ter sido estuprada durante entrevista de emprego no Pará.
Reprodução
Uma jovem de 18 anos, que preferiu não se identificar, afirma ter sido estuprada durante entrevista de emprego em uma concessionária de veículos em Porto de Moz, no sudoeste do Pará. A Polícia Civil (PC) informou, nesta quinta-feira (1º), que o caso é investigado sob sigilo.
Já a defesa do homem, proprietário do estabelecimento, afirma que ele é inocente e que vai provar na Justiça. “É uma ‘versão criada’ por ela”, diz advogado.
A entrevista de emprego foi no último dia 23 de janeiro, por volta das 13h30, segundo a vítima.
Ela relatou à polícia que soube da vaga de emprego a partir de anúncio nas redes sociais. A oportunidade era em uma concessionária de veículos, na rua Simpliciano Farias.
Um amigo da jovem, que trabalha na loja, havia conseguido marcar o horário com o proprietário do estabelecimento.
“Ao decorrer da entrevista, ele não perguntou sobre o trabalho, o por quê eu queria o trabalho, não. Ele já foi perguntando sobre a minha vida pessoal; se eu era casada; se tinha filho; perguntou se eu era virgem”, a mulher afirma.
O homem ainda teria perguntado para a jovem sobre possíveis namorados e “ficantes”, segundo o relato.
A vítima também alega ter ficado constrangida com as perguntas e com risadas do proprietário. Ela afirma que estava usando um coque no cabelo e que ele havia pedido para ela trocar de penteado.
“Deu 12h30 e ele falou: ‘vai para casa e 13h30 você volta. E vem com o cabelo mais mulher. Cheguei em casa, almocei, tomei o meu banho e fui com o cabelo solto”, contou a vítima, que afirma ter estranhado a primeira entrevista.
Mulher relata ‘momento de terror’
Novamente na loja, a mulher disse que o entrevistador a convidou para entrar na casa que fica aos fundos da loja.
“A gente foi lá para o quarto, porque ele falou que queria conversar lá por estar cansado e que tinha acabado de almoçar. Eu peguei e sentei bem no cantinho da cama, constrangida. Aí ele trancou a porta e tirou a chave, Eu pensei: ‘Meu Deus, e agora?”, detalhou a jovem.
Segundo a mulher, o homem deitou na coxa dela e depois deu comandos para a jovem ficar sem a roupa.
“Ele me puxou, tirou a minha roupa e aconteceu. Eu já estava com muito medo. Fiquei com medo dele me matar, por ele ter trancado a porta e tirado a chave”, completou a mulher, que diz já ter sido vítima de outro abuso sexual, aos 10 anos de idade, também no interior do Pará.
Caso é levado à polícia
Depois que foi liberada, a jovem afirma que ele teria dito que ela era experiente e estava contratada. Ela então foi para casa. “Chorei muito e tomei banho, porque estava com nojo de mim”.
No dia seguinte, a mulher recusou a contratação, contou caso para familiares e foi registrar queixa na delegacia da cidade. Um exame de corpo de delito foi realizado.
A Polícia Civil (PC) informou que o suspeito do crime foi preso em flagrante no dia 27 de janeiro e foi colocado à disposição da Justiça.
No domingo (28) ocorreu a audiência de custódia e o homem obteve liberdade provisória, a pedido da defesa.
O que diz a defesa
O advogado Ivonaldo Alves afirma que o “juiz entendeu que havia elementos para concessão da liberdade” e que “a defesa vai ter o momento oportuno para se manifestar, aguardando a conclusão do inquérito e o trâmite do processo, que está em segredo”.
Alves defende ainda que “a jovem não foi agredida, nem coagida, nem ameaçada” e que “tudo o que a suposta vítima afirmando não é verdade, trata-se de uma ‘versão criada’ por ela por motivo ainda desconhecido”.
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