Suzano adota cautela em investimentos diante de tarifas dos EUA e incertezas globais

Em meio a um ambiente global mais instável, a Suzano, maior produtora de celulose do mundo, pretende intensificar sua disciplina em relação a custos e investimentos, com foco em elevar a competitividade.

“A estratégia da companhia está inalterada, mas é fundamental olhar o ambiente de risco. Seremos ainda mais criteriosos na alocação de capital, exigindo faixas de retorno e geração de valor diante de qualquer oportunidade”, afirmou Beto Abreu, presidente da Suzano.

Segundo o executivo, as tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda não afetaram diretamente a demanda pelos produtos da companhia. No entanto, o cenário inspira cautela. “Precisamos de mais tempo para ver como as discussões entre EUA e China vão terminar, pois a preocupação é sempre com o crescimento da economia como um todo. Esse tipo de ambiente comercial traz mais inflação e menos demanda, e essa é a grande variável que qualquer setor está observando”, disse.

A instabilidade provocada pela disputa entre as duas potências já impacta as negociações de preços da celulose. Desde dezembro, a Suzano vinha implementando sucessivos reajustes nos principais mercados em que atua. Contudo, os aumentos programados para março não avançaram.

“As negociações de volume e preço acontecem no final do mês, e toda a questão sobre as tarifas acabou impactando negativamente nas discussões de preços”, explicou o diretor financeiro e de relações com investidores, Marcos Assumpção. No primeiro trimestre, o preço médio líquido da celulose foi de US$ 556 por tonelada, representando uma queda de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior.

 

Outro ponto de atenção é o mercado de revenda (“resale”) de celulose, que sofreu forte queda desde o anúncio das tarifas, com preços abaixo de US$ 500 por tonelada. “Claro que vai depender do volume disponível que o ‘resale’ tem para vender, mas esse é um número que não ajuda nas negociações”, comentou Abreu.

Sobre a estratégia de capital, Abreu reforçou que a empresa adota uma visão neutra em relação a regiões e que qualquer movimento será analisado com base no atual ambiente competitivo. Foi apurado que a Suzano está entre as interessadas nos ativos de celulose da International Paper na América do Norte. Também estariam na disputa a chilena CMPC e o grupo cingapurense Royal Golden Eagle (RGE), controlador da Bracell. A companhia não comentou o assunto.

No primeiro trimestre de 2025, a Suzano registrou receita líquida de R$ 11,5 bilhões, alta de 22% na comparação anual. O lucro líquido disparou para R$ 6,3 bilhões, ante R$ 220 milhões no mesmo período do ano anterior, resultado impulsionado principalmente pela valorização cambial sobre a dívida em moeda estrangeira e por operações com derivativos.

As vendas da companhia somaram 3 milhões de toneladas, sendo 2,6 milhões de celulose e 390 mil de papéis, um avanço de 12% em relação ao primeiro trimestre de 2024. Em celulose, o crescimento foi de 10%, enquanto o volume de papéis vendidos aumentou 25%.

O Ebitda ajustado cresceu 7% no período, somando R$ 4,8 bilhões, com margem de 42%, ante 48% no ano anterior. Já a dívida líquida em dólar foi de US$ 12,9 bilhões, ligeiramente acima dos US$ 12,8 bilhões registrados um ano antes, influenciada pelo pagamento de R$ 2,2 bilhões em juros sobre capital próprio. A alavancagem financeira medida em dólar encerrou o trimestre em 3 vezes, frente a 2,9 vezes em dezembro de 2024, refletindo uma leve queda no Ebitda dos últimos 12 meses e uma pequena elevação da dívida.

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