
A reforma tributária, embora carregue “tributária” no nome, está longe de ser apenas uma discussão sobre alíquotas e notas fiscais. Essa transformação que se desenha é, na essência, um abalo sísmico nos negócios. E, para quem ainda acha que pode deixar para depois, a verdade é uma só: quem dominar os impactos, dominará o mercado.
Quem traça esse cenário é o tributarista Lucas Ribeiro, CEO da ROIT, empresa de inteligência artificial para a gestão contábil, fiscal e financeira das organizações. Ribeiro acompanha e participa de debates sobre a reforma tributária desde 2019. Na mais recente fase de tramitação no Congresso, entre 2023 e 2024, foi expositor em audiências públicas, além de participar da redação de diversas emendas apresentadas e do cálculo das alíquotas de referência.
Ribeiro adverte que a reforma tributária traz impactos nos preços, negociações, contratos e capital de giro das empresas. “Essa reforma não é sobre tributos, é sobre negócios”, ressalta.
Preços: o quebra-cabeça começa aqui
Já pensou no impacto da reforma no cálculo dos preços de venda? Na prática, o fim do “custo oculto” de impostos na cadeia de produção vai exigir mudanças na precificação. A ideia é simples, mas a execução é brutalmente complexa: revisar margens, ajustar markups e, claro, garantir competitividade enquanto evita prejuízos. Quem piscar nesse ponto, perde.
Lucas Ribeiro é enfático: “A adaptação aos novos preços não é uma escolha. É uma questão de sobrevivência. Empresas que entendem como os tributos se comportarão em cada etapa da cadeia vão negociar melhor e lucrar mais.”
Negociações e contratos: tudo está na mesa
Com a nova dinâmica tributária, cláusulas contratuais que antes eram apenas “detalhes jurídicos” agora podem ser um campo minado. Quem arca com o impacto tributário? Como ajustar contratos de longo prazo com fornecedores ou clientes estratégicos? “Se a empresa ainda não começou a revisar contratos e renegociar condições, está jogando na roleta russa dos negócios”, alerta Ribeiro.
O especialista complementa: “As empresas precisarão ser mais estratégicas nas negociações. Cláusulas genéricas sobre impostos podem custar milhões”, alerta Ribeiro.
Capital de giro: o vilão invisível
Outro ponto crítico: o impacto direto no capital de giro. A mudança para um sistema de crédito financeiro, vai condicionar o crédito tributário ao efetivo recolhimento pelo fornecedor. O que vai exigir maior disponibilidade de caixa.
Os prazos entre pagar fornecedores e receber de clientes precisarão ser calculados com precisão milimétrica. “Empresas com dificuldade de acesso ao capital podem enfrentar ainda mais desafios. Será o momento de avaliar rotas de crédito e reforçar o caixa com antecedência,” reforça o tributarista.
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