Após um mês, cratera da Sabesp surge novamente na marginal Tietê em São Paulo

Pela segunda vez em pouco mais de um mês, uma cratera surgiu no mesmo local da marginal Tietê em São Paulo (SP), na madrugada deste domingo (11). Assim como da primeira vez, a responsabilidade pelo ocorrido é da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), privatizada em julho do ano passado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A cratera surgiu na altura da ponte Atílio Fontana, no acesso da pista local para a central na altura da saída da rodovia dos Bandeirantes. Como o buraco abriu novamente, a reparação não será suficiente, e o local precisará passar por obras que devem durar até 30 dias.

Em nota, a empresa informou que enviou funcionários até o local para a “análise detalhada da estrutura para dimensionar a extensão da ocorrência e definir, com segurança, as intervenções necessárias para o início das obras de reparo”.

Na primeira vez, em 10 de abril, a Sabesp explicou que uma fissura na tampa de um poço da empresa causou o buraco. O problema chegou a ser corrigido, mas poucos dias depois, no dia 22 do mesmo mês, foi registrado o rebaixamento de solo no local.

Desta vez, a cratera surgiu por causa da sobrecarga às redes de esgoto devido às chuvas que atingiram a zona Norte da cidade no último sábado (10), causando a mesma fissura registrada há um mês a 18 metros de profundidade.

A Sabesp é gerida pelo grupo Equatorial, do Banco Opportunity, de Daniel Dantas, e da gestora Blackrock, dos Estados Unidos. A empresa foi a única a apresentar proposta em julho do ano passado para se tornar acionista de referência da empresa.

Fundada em 1999, a Equatorial, no entanto, não é referência no setor de saneamento básico. A empresa cresceu comprando empresas públicas em dificuldades financeiras, começando na área de energia. Somente em 2022 é que o grupo entrou no ramo do saneamento, após adquirir a concessão do serviço no Amapá no ano anterior.

O processo de privatização da Sabesp foi marcado por protestos dos trabalhadores do setor. Um estudo do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) mostrou que o governo Tarcísio vendeu as ações da empresa a um preço 44% abaixo de valor real. Para o sindicato, o valor justo por cada ação da Sabesp seria de R$ 103,90, mas o governo paulista fixou o preço em R$ 72. 

Para chegar nesse valor, o sindicato descontou a quantia da dívida da empresa do montante do fluxo de caixa, chegando a R$ 71 bilhões. Depois, dividiu esse número pela quantidade de ações que foram disponibilizadas, 683 milhões de papéis, resultando no valor unitário de R$ 103,90.

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