
Vanessa dos Santos Castro, de Guaiçara (SP), buscou ajuda após perceber que ela e sua filha viviam crises semelhantes. Mariana Bonnás, psicóloga referência no atendimento a mães atípicas de Bauru (SP), reforça a importância do apoio. Mãe recebe diagnóstico de TDAH a partir do tratamento da filha em Guaiçara
Arquivo pessoal
Vanessa dos Santos Castro, de Guaiçara (SP), percebeu que compartilhava muito mais do que o laço materno, os mesmos traços e vivências com sua filha Emanuelly. Nesta lista estão também o diagnóstico e os desafios do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
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Neste domingo (11) é comemorado o Dia das Mães, e Vanessa compartilhou, em entrevista ao g1, como foi descobrir seu diagnóstico a partir do tratamento de sua filha, e como buscar ajuda fortaleceu ainda mais a relação entre as duas.
Importância do diagnóstico
Segundo Vanessa, o início de tudo foi quando viu a necessidade de buscar uma rede de apoio para lidar com algumas dificuldades que estava passando na maternidade, já que percebeu que ela e sua filha, de dez anos, estavam sofrendo com crises e problemas de comportamento.
“Ela tinha bastante crise e dificuldade na escola, e estava muito difícil ver ela nesta situação. Naquela época, a minha rede de apoio falava que era apenas uma fase e que iria passar, mas mãe tem um sexto sentido e eu sabia que tinha algo de errado. Era ela tendo crise de um lado e eu do outro”, relembra.
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A empreendedora buscou ajuda psicológica e começou a fazer terapia. A partir de suas queixas, o próprio psicólogo aconselhou Vanessa a investigar com profissionais a situação da filha também e apontou, posteriormente, as semelhanças entre as duas.
Ao mesmo tempo que um novo mundo se abria a partir do tratamento de sua filha, Vanessa afirma que ia descobrindo novas coisas sobre si mesma.
Segundo a mãe, investigar as problemáticas que as duas sofriam e receber o diagnóstico foi uma libertação:
“Hoje, até o semblante dela é outro. Ela é uma criança mais feliz, já não se cobra tanto mais, e eu, como mãe, tento mostrar para ela que nada é impossível, sabe? Estamos descobrindo juntas, porque não tem muito tempo que nós duas recebemos o diagnóstico. Cada dia é uma novidade.”
Mãe recebe diagnóstico de TDAH a partir do tratamento da filha em Guaiçara
Arquivo pessoal
Cuidados em dose dupla
Mariana Bonnás, psicóloga especializada no atendimento a mães atípicas e autora do livro “Mães Atípicas: a maternidade que ninguém vê”, de Bauru (SP), reitera em suas falas a importância de outras mães seguirem o mesmo caminho de Vanessa e procurarem apoio profissional, ainda mais quando a mãe também é diagnosticada.
“Uma mãe que lida com seu próprio diagnóstico enfrenta desafios internos que já demandam energia, organização e autocuidado. Ao somar a isso as demandas de uma criança com desenvolvimento atípico, o risco de exaustão física e emocional aumenta drasticamente. Muitas dessas mães vivem em estado de alerta constante, negligenciando suas próprias necessidades. É um ciclo silencioso, que precisa ser quebrado com informação, acolhimento e estratégias de suporte específicas”, explica.
Nesse sentido apontado pela psicóloga, a psicoterapia foi um divisor de águas para Vanessa, que afirma que essa decisão é primordial para o bem-estar dos filhos e todo o sistema familiar.
“Nós, que somos mães diagnosticadas, não podemos nos cobrar tanto, porque a gente dá o nosso melhor sempre, todos os dias. Toda mãe vai proteger o seu filho de qualquer coisa, mas um leão que está ferido não consegue fazer muito por muito tempo.”
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Mariana Bonnás é psicóloga especializada no atendimento de mães atípicas
Arquivo pessoal
Além do olhar compreensivo para entender que nem todos os dias serão produtivos e que organização não é sinônimo de rigidez, a psicóloga ressaltou algumas estratégias que ajudam na redução da carga mental materna:
Utilizar ferramentas visuais como planners com códigos de cor, aplicativos com lembretes e sistemas de listas simples;
Dividir grandes tarefas em etapas menores;
Estabelecer rotinas previsíveis;
Criar pausas de descanso.
A especialista também ressalta que a rede de apoio inicia com o reconhecimento de que a mãe não precisa fazer tudo sozinha: “Familiares, amigos e parceiros que se colocam disponíveis de forma prática e emocional, oferecendo escuta sem julgamento, revezando cuidados, ajudando em tarefas simples do cotidiano, fazem uma diferença imensa”.
Para Vanessa, todos os esforços são feitos pensando também em ser um espelho para a filha.
“Quero que ela me veja trabalhando, estudando e sendo a mãe que ela vai dizer: ‘Minha mãe, mesmo com todas as dificuldades, conseguiu, e eu também vou’.”
Mãe recebe diagnóstico de TDAH a partir do tratamento da filha em Guaiçara
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*Colaborou sob supervisão de Mariana Bonora
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