Manifestantes ocuparam, neste sábado (10), o supermercado Assaí na cidade de Diadema, no ABC Paulista, em protesto contra a fome e o fim da escala 6×1. O ato, organizado pelo Movimento de Luta Nos Bairros Vilas e Favelas (MLB), ocorre em 20 estados e faz parte da campanha nacional “Mães Contra a Fome”.
Cartazes com frases pelo aumento do salário mínimo e redução do preço dos alimentos foram empunhados pelo grupo, que chegou ao local pela manhã . De acordo com dados do Dieese (Departamento intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos), 45% dos lares brasileiros são sustentados por salários que não ultrapassam o salário mínimo no Brasil (R$1518,00). Isso equivale a 12,8 milhões de lares em insegurança alimentar. Por outro lado, o preço da cesta básica de alimentos já supera o valor de R$ 800,00.

“A gente vai ao mercado e , com tudo tão caro, não consegue comprar tudo, tem que comprar o mais necessário. Deixamos muitas coisas sem comprar. Estamos aqui para lutar pelas nossas cestas, porque sabemos que esse mercado desperdiça um monte de comida”, desabafa Lucineia Maria de Araújo.
Segundo dados da ONU divulgados em 2022, no Brasil, há um desperdício de aproximadamente 27 milhões de toneladas por ano. Além disso, segundo as Nações Unidas, 80% dessa perda é decorrente do manuseio, transporte e centrais de abastecimento. Enquanto isso, 11 milhões de mães chefes de família, vivem a angústia de não saber se vão conseguir alimentar seus filhos.
Para se ter uma ideia da desigualdade existente hoje no Brasil, 55 bilionários concentram a mesma riqueza de 50% da população brasileira. Nesse cenário, empresas como Carrefour, GPS e Assaí faturaram mais de R$ 200 bilhões , conforme aponta o Ranking Abras 2025, divulgado em abril pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras)

Na manifestação, Cristina Damásio, coordenadora do MLB, afirmou que a fome no país é uma questão de classe, agravada pelo capitalismo.
“O sistema capitalista é o maior responsável por ela [fome]. Enquanto poucos acumulam fortunas, milhões sobrevivem com pouco e dependem de doações e até de resto de comidas. Por isso lutamos por um país onde comer não seja um privilégio, mas um direito”, ressalta.