O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (9) em suas redes sociais que poderia reduzir a tarifa para produtos chineses para quase metade do que havia anunciado.
“Uma tarifa de 80% sobre a China parece correta! Depende de Scott B.”, em referência ao secretário do Tesouro estadunidense, Scott Bessent. Desde que Trump retornou à Casa Branca em janeiro, seu governo impôs tarifas de até 145% sobre produtos da China. Pequim retaliou com tarifas de 125% sobre as importações dos EUA e outras medidas.
Scott Bessent deve se encontrar com o vice-primeiro-ministro He Lifeng, durante visita à Suíça, de 9 a 12 de maio, em reunião pedida pelos Estados Unidos. Em paralelo, o governo chinês anunciou esta semana uma série de medidas para “estabilizar o mercado”. He é o principal responsável chinês pelos assuntos econômicos e comerciais entre China e Estados Unidos.
“A China se opõe firmemente às tarifas impostas pelos Estados Unidos. Esta posição não mudou. Qualquer forma de pressão e coerção contra a China não levará a lugar nenhum”, disse o porta-voz chinês Lin Jian, moderando as expectativas sobre a conversa entre Lifeng e Bessent.
Pacote de políticas financeiras
Esta semana, o Banco Popular da China, a Administração e Supervisão Financeira do Estado e a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China apresentaram um “pacote de políticas financeiras para apoiar a estabilização do mercado e das expectativas”.
Uma das medidas foi o corte nas taxas de juros. O Banco Popular da China – que é o banco central chinês –, por exemplo, reduziu a taxa básica de juros em 0,1 ponto percentual, passando de 1,5% para 1,4%, entre outras medidas para facilitar empréstimos.
Nesta mesma semana, o FED dos EUA (o Banco Central do país), manteve a taxa de juros no mesmo nível que está desde dezembro, entre 4,25% e 4,5%. A decisão irritou Trump, que vem pressionando para que a entidade, reduza a taxa. “Jerome Powell é um TOLO, que não tem a mínima ideia”, escreveu o mandatário sobre o presidente do FED, na sua rede social TruthSocial.
O Banco Central brasileiro também aumentou a Selic em 0,5 ponto percentual, deixando-a em 14,75%, um recorde em quase 20 anos.
Além da redução na taxa de juros, o presidente do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, anunciou outras nove medidas como a redução do recolhimento compulsório, ou seja a proporção de recursos que os bancos precisam manter em reservas e não podem utilizar para fazer empréstimos.
A expectativa, segundo o presidente do banco, é que essa redução de 0,5 ponto porcentual forneça ao mercado cerca de 1 trilhão de yuans (mais de R$ 795 bilhões) em liquidez de longo prazo.
“Será implementada uma redução em fases do recolhimento compulsório para empresas de financiamento automotivo e companhias de leasing financeiro, passando dos atuais 5% para 0%”, anunciou Pan.
Segundo o presidente do BC chinês, essas duas categorias dão suporte financeiro direto, tanto para a compra de automóveis, como para renovação de peças e equipamentos. “Com a redução que faremos, elas vão ter maior capacidade para oferecer crédito para esses setores específicos”, concluiu.
Outras medidas do Banco Central chinês são a alocação de 500 bilhões de yuans (R$397 bilhões) para que os bancos destinem a empréstimos para o consumo de serviços e cuidado com os idosos. Essa mesma ferramenta de política monetária será destinada a empréstimos para inovação e transformação tecnológica. As linhas de crédito nesse setor vão passar de 500 bilhões de yuans (R$397 bi) para 800 bilhões de yuans (R$ 636 bi), focados principalmente em pequenas e médias empresas em áreas-chave de transformação tecnológica e para atualização de equipamentos.
Pan afirma como o foco recente da política econômica chinesa está em ampliar a demanda interna e fortalecer o consumo, os serviços – como turismo, educação e entretenimento –, é uma área onde há margem para modernizar e expandir os hábitos de consumo da população. Nesse sentido, para melhorar a oferta de serviços nesses campos, o banco central chinês criou uma “Linha de Crédito para Serviços de Consumo e Apoio à Terceira Idade”.
O objetivo é incentivar instituições financeiras a ampliarem o apoio a setores prioritários, como hotelaria, restaurantes, cultura, esportes, entretenimento, educação e indústrias relacionadas ao cuidado com idosos.