
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, passando de 14,25% para 14,75% ao ano. A medida veio em linha com o que era amplamente esperado pelo mercado e representa a sexta alta consecutiva da taxa básica de juros.
No comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central justificou o novo aperto monetário como necessário para conter a inflação persistente, que acumula alta de 5,49% em 12 meses — acima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional.
Apesar da elevação, o Copom indicou maior cautela para as próximas decisões. O colegiado avaliou que, diante do estágio avançado do ciclo de alta e das incertezas do cenário econômico, será necessária uma “cautela adicional” e “flexibilidade” na condução da política monetária.
Estrategistas veem tom mais duro no comunicado
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, embora o aumento da Selic tenha sido amplamente antecipado, o que chamou a atenção foi o tom mais incisivo do comunicado. “O Banco Central destacou que os riscos inflacionários estão mais elevados que o normal, em linha com a linguagem do Federal Reserve, mas com um viés mais preocupado com a inflação do que com a atividade econômica”, afirmou.
Cruz acredita que o BC acerta ao não descartar novas altas. “As expectativas para a inflação seguem desancoradas, com o Focus projetando 5% para este ano e 4% para 2026. Isso ainda gera desconforto no mercado”, disse.
Economistas apontam incerteza no cenário
Na visão de Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos, o Copom escolheu uma alternativa menos conservadora ao optar por um aumento de 0,50 ponto percentual, frente às discussões sobre uma possível alta de 0,75 ponto. Segundo ele, o atual patamar da Selic é o mais elevado desde 2006.
Espírito Santo avalia que, embora haja sinais de desaceleração econômica, o mercado de trabalho ainda mostra força, o que sustenta a continuidade de uma política monetária mais firme. No entanto, ele observa que o comunicado do BC não apresentou sinalizações claras sobre os próximos passos, o que aumenta a influência de fatores fiscais e políticos na decisão futura.
Mercado vê fim do ciclo de alta
Para Leonardo Costa, economista do ASA, o comunicado do Copom teve um tom neutro, com leve viés dovish, sugerindo menor propensão a novas altas. “Acreditamos que a Selic atinge aqui seu nível terminal, devendo se manter em 14,75% até o fim do ano”, afirmou.
Na avaliação de Costa, o Banco Central busca manter a flexibilidade, mas já sinaliza que o nível atual dos juros é suficientemente contracionista para enfrentar as pressões inflacionárias, desde que não haja choques adicionais no cenário.
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O post Aperto monetário sem fim? Selic no radar dos economistas apareceu primeiro em BM&C NEWS.