Maduro se encontra com Díaz-Canel, Xi Jinping e Traoré em viagem a Rússia e reforça ‘alianças estratégicas’ 

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se reuniu nesta quinta-feira (8) com os presidentes de Cuba, Miguel Díaz-Canel, da China, Xi Jinping, e de Burkina Faso, Ibrahim Traore. Os encontros foram realizados em Moscou, durante a celebração dos 80 anos do Dia da Vitória. O venezuelano reforçou em suas bilaterais a “aliança estratégica” entre os países do Sul Global em um contexto de cada vez mais ataques.

A primeira reunião do dia foi com Díaz-Canel. Os dois participaram de uma homenagem a Simón Bolívar, que foi o líder da libertação da Venezuela, Colômbia, Panamá, Equador, Peru e Bolívia. O evento foi realizado em frente a um monumento do libertador na capital russa.

Depois, os dois tiveram uma reunião e discutiram a cooperação entre Venezuela e Cuba, dois países alvos do bloqueio econômico promovido pelos Estados Unidos e União Europeia. De acordo com os líderes, a relação entre Caracas e Havana é um exemplo de uma diplomacia pautada no “respeito, colaboração e paz”.

“O encontro com o presidente Díaz-Canel na Rússia é mais uma demonstração ao mundo de como povos soberanos constroem alianças de respeito, cooperação e paz. Excelente dia de trabalho. Em hipótese alguma Cuba está sozinha, nem jamais estará. Cuba terá o apoio dos povos do mundo e de governos sensíveis, corajosos e humanos”, disse Maduro em publicação nas redes sociais.

Maduro também esteve com o presidente chinês, Xi Jinping. O encontro não foi uma reunião bilateral, mas uma conversa durante um jantar entre os chefes de Estado presentes na celebração russa. Os dois não divulgaram os temas discutidos, mas a China é hoje o principal parceiro comercial da Venezuela. Os dois países tem mais de 600 acordos bilaterais.

Ao longo do governo do chavista, os dois países assinaram acordos em diferentes setores: petrolífero, infraestrutura, financeiro, militar e comercial. Os chineses também realizaram uma série de empréstimos em troca de petróleo, além de ampliarem uma parceria entre a petroleira venezuelana PDVSA e a chinesa CNPC.

Em 2001, Venezuela e China formalizaram a Parceria Estratégica para o Desenvolvimento Compartilhado, criando a Comissão Conjunta de Alto Nível China-Venezuela. O objetivo desse grupo é fortalecer o comércio e o investimento entre os dois. A partir disso, em 2014, Maduro e Xi Jinping estabeleceram uma maior cooperação em áreas de desenvolvimento conjunto. Quatro anos depois, a Venezuela aderiu à iniciativa Cinturão e Rota, projeto chinês de parcerias em infraestrutura e investimentos com países do Sul Global.

Ao final de abril, a vice-presidente e ministra do Petróleo da Venezuela, Delcy Rodríguez, esteve na China para costurar acordos petroleiros. O objetivo foi tentar ampliar a venda do produto para os chineses em meio a novos ataques dos Estados Unidos contra a economia venezuelana. A Casa Branca determinou que a companhia estadunidense Chevron terá que sair da Venezuela até 27 de maio. A empresa é responsável por exportar 20% do petróleo venezuelano.

Outra reunião de Maduro foi com o presidente de Burkina Faso, Ibrahim Traoré. O país viveu nos últimos anos uma série de conflitos armados até a eleição de Traoré em 2022. Ele tem uma forte inspiração no líder revolucionário e ex-presidente do país, Thomas Sankara. 

No encontro, os dois presidentes reforçaram a importância de uma relação baseada no respeito ao direito internacional e na autodeterminação dos povos. De acordo com Maduro, esses princípios colocam Burkina Faso como um “parceiro fundamental na luta contra medidas coercitivas unilaterais impostas pelos Estados Unidos”.

Venezuela e Burkina Faso estabeleceram relações diplomáticas em 2003, durante o governo de Hugo Chávez. O ex-presidente tinha uma política externa pautada na reaproximação com a África por meio do que chamou de “diplomacia entre nações da Mãe África”. Hoje, os dois países tem mais de 27 acordos na política, ciência, segurança interna, agricultura, proteção civil e educação. Agora, a meta é costurar outros 14 acordos na área da energia e mineração .

Ao longo do dia, Maduro também se reuniu com o presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, e com o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Vladimir Mikhailovich.

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