Com 36 empreendimentos econômicos solidários e cerca de 170 expositores, a 14ª Feira de Economia Solidária do Dia das Mães segue até este sábado (10), no Largo Jornalista Glênio Peres, no Centro Histórico de Porto Alegre. Promovido pelo Fórum Municipal de Economia Popular Solidária de Porto Alegre (Fmespa) em parceria com a Central de Cooperativas e Empreendimentos Econômicos Solidários (Unisol RS ), a feira traz artesanato, confecção, agricultura familiar e alimentação.
“As feiras da economia solidária nos enchem de esperança. A economia solidária é esperança de dias melhores, de uma economia diferente, de um outro viés”, afirma a artesã Zuleide Cunha da Rosa. Com 67 anos, sendo 26 dedicados à participação de empreendimentos da economia popular e solidária, Rosa, que confecciona e comercializa tie-dye (roupas pintadas à mão), diz que a atual edição da Feira de Economia Solidária do Dia das Mães tem um significado de recomeço, pós a enchente do ano passado.

Conforme recorda a artesã, em maio de 2024 estava iniciando a montagem da feira, quando vieram às águas. “A gente via pela televisão e nada se modificava. Trinta dias daquele jeito. Foi horrível pra todas nós. Porque quem não pegou a água, mas não podia sair de casa, estava ilhado. E hoje a gente está comemorando com muita alegria.”

Integrante da cooperativa Coopernatural de Picada Café, uma das poucas cidades não afetadas pela enchente, Solnara Gehrke destaca outro sentido da feira, no contexto atual, a da busca por uma nova energia, e de representatividade para os outros produtores que, devido ao desastre climático, não puderam estar. “Muitos perderam tudo, todo mundo está tentando, mas é uma coisa que demora. A gente sente falta deles aqui.”

De acordo com os organizadores, 161 famílias estão diretamente envolvidas e mais de 800 pessoas serão beneficiadas indiretamente com a feira. “Estamos aqui na expectativa de vendas depois da enchente. O público está vindo nos visitar, a compra está sendo boa, está tudo muito bom”, comemora a artesã de Canoas, Adriana Batista de Aguiar, que confecciona produtos em tecido.
Aguiar, que também vende produtos como chaveirinhos, caixinhas de chá em MDF (material similar a madeira), como produtos feitos com jornal, faz parte dos 80% de mulheres que compõe a edição deste ano da feira.

Para a presidenta da Unisol RS e da Cooperativa Justa Trama, Nelsa Nespolo, a feira é uma amostra da potência da economia solidária, de sua forma de produção. “A gente está feliz por poder levar uma coleção de roupas que podem presentear as mães no seu dia. Então poder dar um presente da Economia Solidária e especialmente um presente que é uma roupa que teve todo um cuidado no seu feitio para que não usasse veneno, que foi feita por várias mãos de mulheres também que são mães de cinco estados do Brasil é um orgulho grande da gente estar participando de um momento desses.”

As feirantes destacam que a feira é um trabalho coletivo. “Não é só vir para a feira e ganhar dinheiro e pagar suas contas, tem todo um trabalho ecológico, que não agride a natureza. Economia solidária é ensinamento também”, conclui Rosa.
A feira conta com apoio financeiro do Orçamento Participativo (Temática de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Tributação e Turismo), com gestão da Secretaria Municipal de Governo e execução da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos, além do apoio da Secretaria Estadual de Trabalho e Desenvolvimento Profissional (STDP), Patuá Comunicação Solidária, Avesol, NEGA/Ufrgs e demais apoiadores comprometidos com políticas públicas voltadas à economia solidária.
