Em uma tentativa de contornar o estrago feito na imagem do governo federal pela Operação Sem Desconto, que revelou um esquema de fraudes em descontos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ministros ofereceram uma coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (8), em Brasília (DF), para atualizar as informações e anunciar o plano de ressarcimento aos cidadãos lesados.
O governo tem buscado reforçar que as fraudes começaram em 2019 na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como ressaltou o ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias. “Está muito claro que uma tecnologia criminosa, um modelo criminoso, uma engenharia criminosa foi montada pelo governo anterior, foi montada nos estertores do governo anterior. Nós conseguimos desbaratar esta fraude”, afirmou Messias, que também se referiu a um vídeo gravado pelo deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), culpando o atual governo pelas fraudes, e que chegou a ter dezenas de milhões de visualizações.
“Teve um deputado que fez um vídeo ontem com o objetivo de lacrar e causar terror e pânico na população. É importante que ele questione ao presidente que ele apoia e o que ele apoiou”, disse Messias, sem citar o nome do deputado do PL. “Eu espero que ele pergunte ao antigo ministro da Previdência por que o Ministério da Previdência não adotou as providências necessárias para fazer investigação quando já havia indícios de denúncias de irregularidades? Eu quero que o deputado que fez um vídeo de lacração pergunte ao ministro chefe da Casa Civil do governo anterior quais foram as providências adotadas por este governo”, declarou o AGU.
O controlador-geral da União, ministro Vinicius de Carvalho, também mencionou a estratégia de desinformação praticada pela direita bolsonarista diante do escândalo no INSS. “Eu queria só fazer menção a alguns fatos que eu acho importante que nós sempre repisemos em relação a esse tema. Porque a gente vive um momento muitas vezes em que algumas informações são tratadas de maneira inadequada, algumas informações são criadas, algumas informações são distorcidas para gerar desinformação”, disse o ministro, agregando que a desinformação não atinge só o governo, mas o conjunto das pessoas vítimas da fraude.
“Essa desinformação, num contexto como esse que nós estamos vivendo, é muito prejudicial para a população brasileira, principalmente para os aposentados e aposentadas que foram vítimas de um golpe, de uma fraude por parte de algumas associações que fraudaram um processo de assinatura para obtenção desses descontos associativos”, destacou.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Sidônio Palmeira, estava presente, sempre de pé, ao lado dos demais ministros, mas não participou da coletiva.
Dataprev
O ministro da AGU citou ainda a empresa Dataprev, vinculada ao Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos e responsável pela gestão da Base de Dados Sociais Brasileira, incluindo a do INSS. Messias defendeu que fosse apurada a tentativa de desmonte e venda da empresa no governo Bolsonaro.
“A autarquia previdenciária, o INSS, trabalha com uma tecnologia fundamental, que é a tecnologia suportada pela Dataprev. A Dataprev é uma empresa de tecnologia que dá suporte à Previdência Social. Eu queria que vocês lembrassem que a Dataprev foi incluída pelo governo Bolsonaro na lista de desestatização. Esta empresa foi desmontada para ser vendida pelo governo anterior”, disse o AGU, que defendeu o fortalecimento da empresa pública.
“Assim que o presidente Lula assumiu, ele retirou a empresa da lista de desestatização, porque era fundamental que nós tivéssemos uma empresa pública que zelasse pela qualidade, pela garantia dos dados”, afirmou Messias.
“Todos aqui sabem, profissionais de imprensa, até porque está publicado no nosso relatório de transição, a situação lamentável que nós encontramos o INSS. Uma autarquia previdenciária desmontada, sem servidores públicos, sem sistema”, declarou, voltando a citar o desmonte que atingiu, segundo o AGU, quase todas as instituições públicas federais.