
Ciclistas disputam espaço com motos e até carros que invadem ciclovias e ciclofaixas. Risco alto para acidentes deixa ciclistas com medo de circular pela cidade. Ciclistas se expõem ao risco no trânsito de Belém.
Reprodução / TV Liberal
Cidade que vai receber a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, Belém tem 164 quilômetros de ciclovias, mas a área dos ciclistas vive sendo invadida por motos, é mal sinalizada e tem pouca manutenção.
Para muitas famílias, a bicicleta não é uma escolha, e sim uma necessidade e resistência. É o caso da cicloativista Ruth Costa, a filha e a neta, que têm a bike como principal meio de transporte. No entanto, pedalar na região metropolitana de Belém fôlego e até coragem.
“Além do motorista não respeitar a ciclista, a gente sente também uma falta de responsabilidade do poder público que não leva em consideração essa modalidade e, portanto, não estrutura a cidade para que a gente tenha segurança no trânsito”.
Ivanilde Santos é dona de casa e afirma ter medo de andar de bicicleta na cidade da COP 30. Segundo ela, o desrespeito é grande:
“Eu tento pegar sempre vias menos frequentadas por veículos, mas os motoristas acham que a via é só deles. A gente está passando, é buzina, tipo “sai da frente”, “aí não é o teu lugar”. A gente vê muito esse desrespeito mesmo com uma criança”.
Ciclistas reclamam da condição de ciclovias e ciclofaixas na região metropolitana de Belém.
Reprodução / TV Liberal
Ruth, do coletivo “Pará Ciclo”, faz um trajeto de 20 KM saindo de Ananindeua até o centro de Belém, no Ver-o-Peso. Até lá, ela passa pela BR-316 – via que está recebendo a obra do BRT Metropolitano, com a promessa do governo de desafogar o trânsito na região metropolitano para a “conferência do clima”. Todos os dias o percurso é um desafio.
“Quando a gente fala que é desafiador só vivenciando para saber. Quem não vivencia não consegue mensurar o tamanho da falta de respeito que é. Eu chamo de falta de respeito”.
A estrutura falha em vários pontos no decorrer da BR. Calçadas viram estacionamento, e o meio-fio se transforma em pista. “A gente tem caminhões em cima, tem carro parado, estacionado, a gente tem que desviar. Não tem jeito”, afirma o artesão Cláudio Paes, que usa a bicicleta para se locomover.
“A gente fala que é ciclovia, mas na verdade não é, né? Tem muitas ondulações, muitas subidas e descidas, o tempo todo”.
A intermodalidade é uma realidade entre usuários de bike. Muitos optam por estacionar ao sair dos bairros, com medo de circular pela BR, pela violência no trânsito e a falta de estrutura. Depois de estacionar, o próximo passo é pegar um ônibus ou mototransporte. Os usuários chamam atenção para a necessidade de proteção de um bicicletário público.
O diretor de mobilidade da secretaria municipal de Belém responsável pelo trânsito, Antonio Quingosta, afirma que será feita a revitalização de grande parte da malha cicloviária nas principais avenidas de Belém.
“Nós avaliamos que é uma malha considerável, mas que pode ser ampliada. Inclusive, nós temos estudos para isso. Nós queremos ampliar cerca de 10 quilômetros, pelo menos, por ano, dessa malha”.
Questionado se existe algum projeto para ampliar e garantir direitos para pessoas mais pobres que usam a bicicleta, o diretor afirmou que existe a ideia de aumentar o trecho das ciclovias e ciclofaixas, como as ciclorotas.
“Nós fazemos uma sinalização que o veículo, ele pode compartilhar o espaço com a bicicleta. Vias até 40 km por hora, ela permite essa sinalização. E a gente já tem feito em alguns locais e pretende ampliar, principalmente na periferia, para permitir que a pessoa consiga chegar na ciclofaixa da via principal com segurança”.
Enquanto isso, ciclistas como Ruth Costa continuam se expondo ao risco. “Eu uso a bicicleta em quase 100% dos meus percursos. Eu saio daqui lá para o centro, e tenho medo, mas vou com medo mesmo”.
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