Quem é quem no núcleo de desinformação do golpe de Estado

O Supremo Tribunal Federal (STF) decide, nesta terça-feira (6), se aceita a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra sete pessoas suspeitas de operar a máquina de notícias falsas para fortalecer a tentativa de golpe de 2022.

Chamado de Núcleo 4, o grupo é acusado de tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

De acordo com o relatório da procuradoria, o núcleo era responsável por espalhar notícias falsas e ataques contra o processo eleitoral, instituições e autoridades. Ainda segundo a denúncia, os envolvidos atuavam em “operações estratégicas de desinformação”.

As fake news teriam o objetivo de estimular a manutenção do acampamento golpista no Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano em Brasília (DF). Se a denúncia for aceita, todos vão se tornar réus no processo.

“Todos estavam cientes do plano maior da organização e da eficácia de suas ações para a promoção de instabilidade social e consumação da ruptura institucional”, afirma o documento da PGR. Entre os acusados estão militares e um policial federal. Confira a seguir quem são os sete acusados de integrar o núcleo de desinformação do golpe.

Ailton Gonçalves Moraes Barros é capitão reformado do Exército e teve conversas em áudio com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, para discutir a tentativa de golpe. Em 2022, ele concorreu a deputado estadual no Rio de Janeiro e se apresentava como “01 de Bolsonaro.” A denúncia da PGR aponta que ele “incitava militares” a apoiar a tentativa de golpe.

Ângelo Martins Denicoli é major da reserva do Exército. Segundo a denúncia, ele seria responsável por coordenar a produção e difusão de estudos falsos que apontavam inconsistências nas urnas eletrônicas.

Guilherme Marques de Almeida é tenente-coronel do Exército e, na época da tentativa de golpe, comandava o 1º Batalhão de Operações Psicológicas do Exército, em Goiânia (GO). Em áudios registrados na investigação da Polícia Federal, ele fala em burlar a lei para operar o golpe usando a expressão “sair das quatros linhas (da Constituição)”.

Reginaldo Vieira de Abreu é coronel do Exército investigado por, supostamente, atuar com o grupo que teria planejado sequestrar e matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB) e o ministro Alexandre de Moraes (STF). Ele também foi gravado em mensagens de áudio sugerindo que a Constituição fosse deixada de lado para concretizar a trama golpista. “Quatro linhas da Constituição é o caceta”, afirma ele em um dos arquivos.

Giancarlo Gomes Rodrigues é subtenente do Exército e foi cedido à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro. Ele atuou na agência ao longo da gestão de Alexandre Ramagem. De acordo com a PGR, Rodrigues teria usado ferramentas da Abin, como o programa de espionagem digital First Mile, para disseminar informações falsas.

Marcelo Araújo Bormevet é agente da Polícia Federal e também atuou na Abin sob chefia de Ramagem. Ele também integrou a equipe de segurança de Bolsonaro. A PF aponta que ele teria dado ordens a um subordinado para agredir um assessor do presidente do STF, Luís Roberto Barroso.

Carlos César Moretzsohn Rocha é engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal. Ele também teria atuado na elaboração de um relatório que afirmava haver falhas nas urnas eletrônicas.

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