Secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia apresenta balanço das ações na Micareta de Feira

secretário Arrastão da Micareta de Feira 2025 com Thiago Aquino e Timbalada
Foto: Kaio Vinicius/ Acorda Cidade

Na manhã desta segunda-feira, 5 de maio de 2025, primeiro dia após o encerramento da Micareta de Feira, o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado da Bahia, Felipe Freitas, apresentou um balanço das ações da pasta durante os quatro dias de folia. Uma equipe com cerca de 80 profissionais de 20 instituições trabalhou em sintonia para acolher o folião.

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Entre as diversas ações classificadas como positivas, Freitas destacou o trabalho em conjunto entre os governos municipal e estadual, os esforços da secretaria para combater a prática do trabalho infantil, abuso sexual e a violência policial, e a distribuição de kits com alimentação para pessoas que estavam trabalhando no circuito.

Felipe Freitas | Foto: Iasmim Santos / Acorda Cidade

“Tenho aprendido a valorizar o peso desses trabalhadores. Imagina o que seria desta festa se não fossem os ambulantes. Como é que a gente ia fazer a logística de vender produtos no meio da rua, de maneira segura e eficiente? Não ficaria um isopor sem cerveja, porque as pessoas repõem muito rapidamente. As cervejarias não venderiam o que vendem se não fossem esses trabalhadores, às vezes, expostos a condições de trabalho muito adversas, com pouca estrutura”, disse o secretário em entrevista ao Acorda Cidade.

A força do invisível

O secretário confirmou que, ao todo, a pasta distribuiu cinco mil kits com alimentação para trabalhadores durante os quatro dias da folia. Para Freitas, esta ação foi uma das muitas que vêm como uma tentativa de valorizar pessoas que são fundamentais para o bom funcionamento da Micareta, mas que muitas vezes são invisibilizadas.

“São pessoas que vêm de maneira autônoma com sua força de trabalho e são fundamentais para a festa. Imagine se a gente estivesse numa festa como essa e não tivéssemos os catadores. A gente joga uma latinha no chão e, em segundos, ela já foi recolhida. Imagine se tivéssemos apenas os trabalhadores da limpeza pública fazendo essa coleta.”

Pequenos foliões

Quem andou pelo Circuito Maneca Ferreira, local onde ocorreu a Micareta de Feira, em algum dos dias de festa, percebeu que a folia também é dos baixinhos. Para onde se olhava, era possível ver crianças e adolescentes curtindo e se divertindo como verdadeiros foliões.

O secretário Felipe Freitas afirmou que a pasta reconhece que a festa é compartilhada por muitas crianças e, por isso, medidas vêm sendo desenvolvidas para garantir, acima de tudo, segurança para os futuros grandes foliões, como a distribuição de 4 mil pulseirinhas de identificação com telefone para contato dos pais e um local de acolhimento para elas.

“Este ano, 22 crianças foram acolhidas, um número maior do que todos os anos anteriores, ou seja, aos poucos os pais vão começando a confiar. Sabemos que qualquer pai e mãe pensa que é o olho deles que vai proteger a criança, e é verdade, nada melhor do que o olho dos pais, mas, numa festa como essa, os pais precisam, principalmente os que estão trabalhando, ter essa compreensão de que, às vezes, deixar no espaço para acolhimento é melhor”, disse o secretário.

Atenção especial

Felipe explicou que, desde a Micareta de 2024, além das pulseiras para identificar crianças, estão sendo distribuídas pulseiras para a identificação de pessoas surdas. A medida, além de promover mais inclusão, é uma forma de garantir que órgãos do estado, como a Polícia Militar (PM), terão mecanismos para oferecer o melhor serviço possível àquele cidadão.

“Capacitamos, para esta Micareta, dois mil agentes, incluindo policiais civis, militares e Guarda Municipal. Eles passaram por uma formação conosco, discutindo não só o tema da violência policial, mas também o atendimento. Como é que o policial vai atender uma pessoa surda na festa, se ele não sabe Libras? Então, tivemos ali uma introdução a Libras para ele poder se comunicar.”

O secretário continuou: “O trabalho da polícia é sempre um desafio para nós e, este ano, testamos uma tecnologia nova, que foram as câmeras nas fardas. Vamos agora avaliar, ver qual foi o impacto disso nas ocorrências, analisar essas imagens para podermos fazer um balanço do resultado, mas isso é um desafio, tanto do ponto de vista da relação da polícia com as pessoas, os foliões, quanto das condições de trabalho desses policiais. Eles também relatam coisas muito duras, de serem vítimas de desacato, de gente que joga coisas neles. Então, também a condição de trabalho dos policiais precisa ser pensada.”

Saúde Mental

O secretário também aproveitou a oportunidade para falar sobre os esforços da pasta em uma área que muitas vezes é pouco valorizada: a saúde mental dos foliões. Freitas comentou os casos de crise de pânico e crise de ansiedade em pessoas na avenida.

“Isso é um risco sempre e tem a ver também com o momento da nossa sociedade. Quadros de depressão, ansiedade e agravamento da saúde mental. Tivemos um caso na unidade de atendimento às mulheres, de uma pessoa que entrou em surto, foi para outro atendimento e entrou em surto. A equipe teve que conter, a Polícia Militar ajudou e, graças a Deus, ficou tudo bem. Mas, de fato, esse é um desafio. Numa festa como essa, temos que estar preparados para tudo, definitivamente. Junto com bebida, muitas vezes, as pessoas têm reações diferentes ao uso de bebida alcoólica.”

“Porque a gente às vezes está muito preocupado com a saúde física, ou seja, é o caso do acidente, da briga, da confusão. Mas tem também essa dimensão da saúde mental, que é uma dimensão importante. É um tema que hoje tem que estar na pauta, que tem que estar na pauta o tempo inteiro, porque tem a ver com o momento da nossa sociedade. Acho que temos uma vida muito acelerada e os problemas vão se agravando ali. E a gente tem que ter uma política de saúde pública de qualidade, com muita prevenção, com trabalho de acompanhamento psicológico das pessoas para evitar os casos mais graves, mas, quando esses casos mais graves acontecem, temos que ter uma rede pública de saúde com condições de acolher.”

Ouça a entrevista na íntegra:

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Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves

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