
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) validou a possibilidade de apreensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e do passaporte de pessoas inadimplentes como medidas coercitivas para garantir o cumprimento de decisões judiciais. Essa decisão tem gerado debates sobre sua constitucionalidade e os impactos nos direitos fundamentais dos cidadãos.
O que motivou a decisão do STF sobre a apreensão de documentos de inadimplentes?
A decisão do STF foi motivada pela necessidade de fortalecer o cumprimento de decisões judiciais em casos de inadimplência. Com base no artigo 139, inciso IV, do Código de Processo Civil, que permite ao juiz adotar medidas coercitivas para assegurar a efetividade das decisões, a Corte entendeu que a apreensão de documentos como CNH e passaporte pode ser uma ferramenta legítima para compelir o devedor a quitar suas dívidas.
A medida visa combater a elevada taxa de inadimplência no país, que, segundo dados recentes, afeta cerca de 70 milhões de brasileiros. Ao permitir a apreensão desses documentos, o STF busca criar mecanismos mais eficazes para a recuperação de créditos, desde que respeitados os direitos fundamentais dos devedores.

Quais são os critérios para a aplicação dessas medidas coercitivas?
A aplicação da apreensão de CNH e passaporte não é automática e deve ser analisada caso a caso. O juiz responsável pela execução da dívida avaliará a adequação da medida, considerando princípios como proporcionalidade e razoabilidade. Além disso, é necessário que o credor solicite expressamente a adoção da medida no processo judicial.
Importante destacar que a decisão do STF exclui da aplicação dessas medidas os motoristas profissionais, como taxistas e motoristas de aplicativos, e casos de dívidas alimentares, reconhecendo que a apreensão desses documentos poderia comprometer o sustento do devedor e de sua família.
Como a decisão do STF impacta os direitos fundamentais dos cidadãos?
A apreensão de documentos como CNH e passaporte pode afetar direitos fundamentais, especialmente o direito de ir e vir e o exercício profissional. No entanto, o STF ressaltou que tais medidas devem ser aplicadas com cautela, garantindo que não haja violação desproporcional desses direitos. A Corte enfatizou que a adoção dessas medidas deve respeitar os princípios constitucionais e ser utilizada somente quando outras alternativas forem insuficientes para assegurar o cumprimento da decisão judicial.
Assim, a decisão busca equilibrar a necessidade de efetivar as decisões judiciais com a proteção dos direitos fundamentais dos devedores, evitando abusos e garantindo que as medidas coercitivas sejam aplicadas de forma justa e proporcional.

Existem projetos de lei que visam restringir a apreensão de documentos por inadimplência?
Sim, há iniciativas legislativas em andamento que buscam limitar ou proibir a apreensão de documentos por inadimplência. O Projeto de Lei 604/23, por exemplo, propõe que a apreensão da CNH não seja aplicada a devedores que utilizam o veículo como instrumento de trabalho, visando proteger o sustento desses profissionais.
Outra proposta, o Projeto de Lei 668/23, pretende proibir a apreensão de CNH e passaporte, bem como a restrição à participação em concursos públicos, como forma de coerção para o pagamento de dívidas. O autor do projeto argumenta que tais medidas violam o direito de locomoção e outras liberdades fundamentais.
Como os devedores podem se proteger ou contestar a apreensão de seus documentos?
Devedores que se vejam ameaçados pela apreensão de seus documentos têm o direito de contestar a medida judicialmente. É fundamental apresentar argumentos que demonstrem a desproporcionalidade da medida, especialmente se a apreensão comprometer direitos fundamentais ou o sustento do devedor e de sua família.
Além disso, é recomendável que o devedor busque regularizar sua situação financeira por meio de negociações com o credor, evitando que o processo judicial avance a ponto de permitir a adoção de medidas coercitivas. A atuação de um advogado especializado pode ser crucial para orientar o devedor sobre as melhores estratégias de defesa e negociação.
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