
Lula Marques/Agência Brasil
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde desta sexta-feira, 2. A saída do pedetista significa que o presidente terá que fazer a 11º troca na Esplanada dos Ministérios desde o início da gestão, em 2023.
Lupi estava pressionado pelo escândalo dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O esquema ganhou relevância após a Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) na semana passada.
Pesquisa AtlasIntel divulgada na quinta-feira, 1º, mostrou que 85,3% dos brasileiros consideram que o ministro deveria ser demitido na esteira da crise no INSS.
Até o momento a investigação não apontou participação de Lupi no esquema que desviou R$ 6,8 bilhões de milhares de aposentados e pensionistas do INSS.
O ministro, contudo, foi criticado pela demora em agir. Reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, de 26 de abril, mostrou que Lupi soube das denúncias em junho de 2023, mas demorou quase um ano para tomar medidas.
Ao Estadão/Broadcast, Lupi negou omissão, disse que procurou agir e responsabilizou o então diretor de Benefícios, André Félix Fidélis, pela lentidão nas apurações internas, o que levou à necessidade de o ministro demiti-lo.
O ministro também foi o padrinho da indicação de Alessandro Stefanutto para presidir o INSS. Stefanutto foi desligado por ordem de Lula na semana passada após uma decisão judicial afastá-lo do comando do órgão.
Lula escolheu o procurador federal Gilberto Waller Júnior para substituí-lo e determinou uma intervenção no INSS. A atitude evidenciou a perda de força política de Lupi, já que a autarquia é o principal órgão da pasta da Previdência Social.
Lupi é o quarto ministro de Lula a cair diante de denúncias. Juscelino Filho (Comunicações) pediu demissão em abril após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República sob acusação de desviar emendas parlamentares, investigação que teve teve origem em uma série de reportagens do Estadão.
Polêmicas também derrubaram Gonçalves Dias (GSI), flagrado adotando postura passiva em filmagens do 8 de Janeiro, e Silvio Almeida (Direitos Humanos), acusado de assediar sexualmente integrantes do governo.