Renúncia de Lupi era necessária, avalia dirigente do MST: ‘A direita vai usar qualquer coisa contra o governo’

A renúncia de Carlos Lupi ao Ministério da Previdência, anunciada nesta sexta-feira (2), é vista por Gilmar Mauro, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), como o caminho mais adequado diante das denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em entrevista ao Conexão BdF, do Brasil de Fato, ele avaliou que a decisão evita maiores desgastes ao governo e abre espaço para as investigações. “Se eu fosse acusado e estivesse num cargo público, a primeira opção seria renunciar. Responder aos processos e, se não for comprovado, voltar depois”, disse.

Para o dirigente do MST, o escândalo, apesar de remontar ao governo Bolsonaro (PL), recai sobre a gestão Lula (PT) e será explorado pela oposição. “A direita vai utilizar qualquer coisa contra o governo”, afirmou. Mesmo com mais essa crise, ele acredita que o presidente ainda tem margem para se recuperar da queda de popularidade, especialmente se o governo souber comunicar medidas populares, como a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil, e apoiar com mais afinco o fim da escala 6×1, principal tema presente nas manifestações do 1º de Maio.

Ao comentar o cenário para 2026, Gilmar inverte a avaliação replicada pelos grandes veículos de imprenssa. Em vez de ver o atual presidente em risco, enxerga a direita como o campo mais pressionado. “A direita brasileira faz um tempinho que quer disputar a presidência da República e encontra enormes dificuldades. Lula é o primeiro presidente da história do Brasil a conquistar três mandatos, e pode ser o primeiro a conseguir um quarto”, disse.

Mauro vê a federação entre União Brasil e Progressistas como um movimento relevante de reorganização conservadora, mas com contradições internas e um obstáculo central: o ex-presidente Jair Bolsonaro. “A grande questão é convencer o tal do Bolsonaro. Esse setor que está tentando unificar a direita tem que combinar com ele. Talvez tenham que, entre muitas aspas, colocar a faca no pescoço dele para que se retire da disputa”, ironizou. Mesmo inelegível, Bolsonaro não retirou o seu nome da disputa nem declarou apoio a nenhum possível candidato.

Segundo Mauro, a unidade entre nomes como Tarcísio Freitas, Romeu Zema, Eduardo Leite e Ronaldo Caiado ainda parece frágil, e uma candidatura forte da oposição dependerá de acordos que ainda estão distantes de se consolidar. Enquanto isso, ele acredita que Lula mantém força para disputar, desde que amplie políticas públicas e as faça “chegar efetivamente a quem necessita”, como pequenos agricultores familiares.

Feira do MST espera recorde de público em São Paulo

De 8 a 11 de maio, o Parque da Água Branca, na zona Oeste de São Paulo, será palco da 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, promovida pelo MST. A expectativa é superar o público da última edição, que reuniu mais de 200 mil pessoas. Ao todo, serão oferecidos mais de 1.800 produtos vindos de assentamentos de diversas regiões do país, incluindo toneladas de alimentos sem uso de agrotóxicos. “É uma amostra daquilo que produzimos nacionalmente”, destacou Gilmar Mauro.

Além da diversidade de produtos, os visitantes poderão experimentar pratos típicos de todas as regiões do Brasil, o que ele chama de “culinária da terra”. Haverá também uma extensa programação cultural, com apresentações de circo, teatro e shows. A abertura musical fica por conta da Turma da Viola, na quinta-feira (8), e o encerramento, no domingo (11), terá show de Arnaldo Antunes e Marina Lima, entre outros artistas.

A feira também será espaço de reflexão e articulação política. Estão previstos debates e seminários, como a conferência marcada para sábado (10), às 10h, sobre meio ambiente e alimentação saudável. “É um encontro com gente que vem pelo viés da alimentação saudável, pelo apoio ao MST, pela cultura, pela música. Uma grande mobilização popular”, destaca Mauro.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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