Lupi pede para sair; ministro da Previdência deixa o governo em meio denúncias de desvios no INSS

O ministro da Previdência, Carlos Lupi, decidiu deixar o cargo nesta sexta-feira (2), pouco mais de uma semana após a deflagração da Operação Sem Desconto, que revelou um esquema de descontos ilegais e desvios de recursos do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). O presidente convidou o ex-deputado federal Wolney Queiroz (PDT), atual secretário-executivo da Previdência, para ocupar o cargo de ministro.

Embora não tenha sido alvo da operação e negue ter sido omisso diante das denúncias recebidas desde 2023, o ministro vinha sofrendo pressão dentro e fora do governo para deixar a pasta. A ideia é estancar a crise gerada pelo escândalo e evitar que o caso impacte negativamente a popularidade do governo, que vinha se recuperando nas últimas semanas. 

Na rede social X, o ministro confirmou a entrega do cargo e agradeceu o presidente Lula e reafirmou que não tem relação com as fraudes descobertas no INSS.

Fontes consultadas pelo Brasil de Fato afirmam que a demissão do ministro é parte de um acordo para blindar o governo em uma eventual Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no Congresso Nacional. Na quarta-feira (30), deputados de oposição protocolaram na Câmara dos Deputados um pedido para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O requerimento foi assinado por 185 parlamentares e é de autoria do deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO). A instauração da comissão depende da autorização do presidente da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que ainda não se manifestou. 

As negociações também teriam envolvido a permanência do Partido Democrático Trabalhista (PDT) na base aliada do governo federal, já que Lupi é o presidente licenciado da agremiação. Em meio às denúncias no INSS, parlamentares do PDT chegaram a ameaçar desembarcar da base, caso o ministro fosse demitido. No entanto, fontes do Planalto afirmam que a demissão de Lupi foi costurada com representantes do PDT no Congresso Nacional, e o partido deve seguir no comando do Ministério da Previdência.

Sem desconto

A Operação Sem Desconto foi deflagrada no dia 23 de abril pela Polícia Federal (PF) em parceria com a Controladoria Geral da República, e foi motivada a partir de uma auditoria feita pela CGU no INSS, após o recebimento de denúncias sobre descontos irregulares no pagamento de benefícios a aposentados e pensionistas, vinculados a associações de classe que possuem Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o instituto de previdência. 

Segundo a CGU, o esquema começou em 2019, no governo de Jair Bolsonaro (PL), e poderia ter atingido cerca de 5 milhões de pessoas. A Operação Sem Desconto já havia resultado na demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e outros seis servidores da autarquia, além da instauração de 207 inquéritos policiais, 192 mandados de prisão e 701 mandados de busca e apreensão. A investigação segue em andamento. 

Nesta sexta-feira, o novo presidente do INSS indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Gilberto Waller Júnior, se reuniu com o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, para estudar a forma como será feito o ressarcimento dos aposentados e pensionistas que foram vítimas das fraudes.

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