
O ambiente de juros elevados tem efeitos colaterais severos sobre as finanças corporativas brasileiras. Segundo Alexandre Mathias, estrategista da Monte Bravo, a estimativa é que o custo adicional com juros para as empresas chegue a R$ 126 bilhões até 2030, sendo R$ 26 bilhões apenas em 2025.
Durante participação no programa BM&C News, Mathias alertou que mais de 50% das empresas listadas na bolsa já estão gerando menos caixa do que gastam com pagamento de dívidas. “O custo de capital está próximo de 20% ao ano. Poucas atividades conseguem operar de forma sustentável com esse nível de custo financeiro”, afirmou.
Juros altos: investidores devem reavaliar exposição a empresas vulneráveis
Diante desse cenário, o estrategista recomenda uma postura mais conservadora por parte dos investidores. A orientação é clara: priorizar empresas com menor alavancagem e com menores volumes de dívida vencendo no curto prazo.
“É hora de olhar para a qualidade do emissor. Dívida é um instrumento sensível. Quando dá problema, o investidor normalmente recupera apenas 20% a 30% do valor aplicado”, alertou.
Possível alívio nos juros começa a ser precificado
Apesar do momento ainda ser desafiador, Mathias reconhece que há sinais de inflexão na política monetária, tanto no Brasil quanto no exterior. Ele observa que, com o enfraquecimento do dólar e a desaceleração global, as curvas de juros começaram a cair em diversos países, incluindo o Brasil.
“Há poucos meses, cortes na Selic pareciam distantes. Agora, o mercado já começa a precificar a possibilidade de cortes no fim de 2025, talvez entre novembro e dezembro”, disse.
A projeção da Monte Bravo é de que a Selic caminhe para 11% em 2026, o que ainda representa um juro elevado, mas já traria algum alívio relevante para as empresas que atravessaram o período de aperto com certa saúde financeira.
Riscos continuam, mas horizonte começa a clarear
Mathias finaliza com uma visão cautelosamente otimista: “Já percorremos a maior parte do ciclo de aperto. Se o investidor conseguir atravessar esse momento focando em empresas sólidas, poderá colher frutos quando a curva de juros de fato recuar.”
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