Seja para quem emendou o feriadão ou para quem ainda está no aguardo do merecido descanso, a programação cultural de Salvador está recheada de opções de atividades para os próximos dias. Tem exposições, peças teatrais, rodas de conversa, shows e lançamentos de livros em eventos gratuitos ou com preços bastante acessíveis para quem quiser se divertir, aprender e celebrar a nossa cultura e história. Para saber alguns desses eventos, o Brasil de Fato Bahia preparou uma Agenda Cultural com atividades até a próxima quinta-feira (8). Confira!
Centenário de Mãe Stella de Oxóssi

Abrindo as celebrações dos 100 anos do nascimento da escritora e primeira Ialorixá do Brasil a integrar uma academia de letras, a Academia de Letras da Bahia (ALB) realiza nesta sexta-feira (2) o Lançamento do Instituto Mãe Stella de Oxóssi e assinatura do protocolo de intenções com a ALB. O evento acontece a partir das 18h na sede da Academia (Av. Joana Angélica, 198).
No dia 04 de maio (domingo), a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), regida pelo maestro Carlos Prazeres, apresenta o Concerto Odé Nfè, em homenagem ao centenário de Mãe Stella. A apresentação também conta com a participação da soprano Irma Ferreira e de alabês de importantes terreiros de candomblé da Bahia: Adriano Azevedo (do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá), Antônio Marques (do terreiro Ilê Axé Iyá Nassô Oká), Totó Cruz (do terreiro Pilão de Prata) e Valmir Christiano (do terreiro Ilê Axé Iyá Nassô Oká). O evento acontece às 11h, no Cine Teatro Solar Boa Vista, localizado no Engenho Velho de Brotas.
Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab)

Na exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira, 69 artistas apresentam seus percursos através de cinco eixos temáticos que atravessam o tempo e reafirmam a potência da arte afro-brasileira. Com curadoria de Deri Andrade, a mostra reúne obras, por exemplo, de Mestre Didi, Abdias Nascimento, Mônica Ventura e Lídia Lisboa.

Já na exposição individual Òná Ìrín: Caminho de Ferro, a artista Nádia Taquary explora a conexão entre o feminino sagrado e os fluxos da vida, usando os trilhos ferroviários como metáfora para a jornada ancestral. As linhas de trem se multiplicam em infinitos destinos, perspectivas e encruzilhadas, celebrando a poética do movimento, da comunicação (Exu) e da tecnologia (Ogum).
O horário de visitação do Muncab é de terça-feira a domingo, das 10 às 17h (acesso até às 16h30). Os ingressos custam R$ 20 inteira e R$ 10 meia. Às quartas-feiras e aos domingos é gratuito. O museu fica localizado na Rua das Vassouras, 25.
Viva a Língua – Festival da Língua Portuguesa

Salvador recebe a segunda edição do Viva a Língua – Festival da Língua Portuguesa, que começa neste sábado (3) e segue até segunda-feira (5), com atividades no Gabinete Português de Leitura e no Espaço Cultural da Barroquinha. A programação é gratuita e reúne apresentações de teatro e música, roda de conversa e mostra de cinema.
A abertura do festival será com a peça Fernando Pessoa – O Espetáculo, apresentada no dia 3, às 16h, no Gabinete Português de Leitura, na Praça da Piedade. Já no dia 4 de maio (domingo), às 14h30, o Espaço Cultural da Barroquinha (rua do Couro, s/n) recebe uma roda de conversa com a participação do escritor português Valter Hugo Mãe, da escritora baiana Lívia Natália e da escritora cabo-verdiana Vera Duarte, que vai realizar o lançamento no Brasil do livro ‘A Vênus Crioula’. A programação do festival também inclui show de Lazzo Matumbi, mostra de cinema em Língua Portuguesa e apresentação da Camerata Opus Lumen.
Pelourinho

Nesta sexta-feira (02), o Pelourinho esquenta o clima de São João com shows gratuitos no principais largos. Tem apresentação de Zefa di Zeca no Largo Tereza Batista; o São Pelô, no Largo Quincas Berro D’água, traz shows de Filomena Bagaceira e Forró do Tico; e o Forró no Largo, no Largo Pedro Archanjo, traz apresentações de Forró do Zé e Tom Guimarães. Todos com início às 19h.
No sábado (03), a atração gratuita fica por conta do Trio Nordestino, que toca no Largo Pedro Archanjo às 18h. A apresentação também terá participações de Dinho do Acordeon, Verlando e Del Feliz.
Já no domingo (5), a programação gratuita começa já às 10h com o Forró do Pelô na Praça das Artes. Às 15h, o Largo Tereza Batista é palco do aniversário do Bloco Afrodescendentes da Bahia. No mesmo horário, Gerônimo & Banda Mont Serrat se apresentam no Largo Pedro Archanjo, tendo participações da Banda Seu Vinil, Buk Jones e abertura com DJ Chiquinho.
Lançamentos de livros

Na próxima terça-feira (6), o Centro de Estudos e Ação Social (Ceas) recebe o lançamento do livro Questão Agrária-Ambiental e Movimentos Sociais: lições a partir do espaço baiano (1998-2022), Edufba (2025), de Joaci de Sousa Cunha, em mais uma edição do Dois Dedos de Prosa. O evento, que acontece a partir das 18h30, na sede do Ceas (rua Professor Aristidis Novis, 101) promove um debate sobre os caminhos da luta pela terra nas últimas décadas e os desafios da questão agrária para os movimentos do campo.
Nesse livro, Joaci de Sousa Cunha investiga continuidades e rupturas no campo baiano e brasileiro do último período, destacando a relação do capital financeiro com os conflitos socioambientais e o processo de resistência organizada de trabalhadores rurais, quilombolas e pequenos agricultores.
Joaci Cunha é advogado, mestre e doutor em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), assessor do CEAS, coeditor da revista Cadernos do CEAS e professor do Programa de Políticas Sociais e Cidadania da Universidade Católica do Salvador (UCSal). O autor publicou diversos artigos e, pela Edufba, o livro O fazer político da Bahia na República (1900-1930); e Matriz das relações entre Estado, corporações e políticos (2017).

Já no dia 8 de maio, às 17h30, o doutor em Economia Sílvio Humberto dos Passos Cunha lança o livro Um Retrato Fiel da Bahia: sociedade-racismo-economia. O evento, realizado na Biblioteca Central do Estado da Bahia (rua General Labatut, 27), contará também com uma roda de conversa reunindo especialistas renomados no estudo: a professora Rita Dias e os professores Luiz Fernando Saraiva e Walter Fraga Filho. Ao término do debate, haverá sessão de autógrafos.
A obra de Silvio Humberto oferece uma análise profunda das raízes do desenvolvimento econômico brasileiro a partir de uma perspectiva racial. O autor demonstra como o racismo estruturou as relações de trabalho no pós-abolição, deixando reflexos que persistem até os dias atuais. Ao valorizar a resistência e as estratégias de sobrevivência da população negra, o livro evidencia como as elites baianas, em seu conjunto, conseguiram preservar internamente a supremacia de raça e classe.
Doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mestre pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Silvio Humberto é professor adjunto do Departamento de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) há mais de 30 anos. Com quase quatro décadas de militância antirracista, é um dos fundadores e presidente de honra do Instituto Cultural Steve Biko, organização que há mais de trinta anos promove a formação antirracista e contribui através dela para o ingresso de estudantes negros nas universidades. É vereador de Salvador pelo quarto mandato consecutivo, destacando-se em defesa de políticas públicas de promoção de igualdade racial.