Juros em queda favorecem ações cíclicas, diz analista da GTI

A recente movimentação na curva de juros, com fechamento nos vértices mais longos, tem chamado a atenção de analistas e investidores. Para Paola Mello, sócia e analista da GTI, esse movimento representa um importante sinal de que o ciclo de aperto monetário está próximo do fim.

Em entrevista ao programa BM&C News, Paola explicou que esse fechamento já reflete uma antecipação do mercado em relação à esperada queda da taxa Selic. “Quando os juros chegam a 15%, eles não permanecem por muito tempo nesse patamar. É uma dinâmica que se repete historicamente no Brasil”, afirmou.

Custo do crédito e impacto nas decisões empresariais

Segundo Paola, quando os juros reais ultrapassam 15% ao ano, e se somam ao spread bancário de 2% a 3%, o custo de captação para empresas se aproxima dos 18%. “São raríssimos os projetos que oferecem uma rentabilidade superior a esse patamar. O empresário, diante disso, simplesmente para de investir”, afirmou.

Essa retração no investimento privado é, segundo ela, exatamente o que a política monetária busca nesse momento. “O objetivo da elevação dos juros é desacelerar a economia. E isso já está ocorrendo.”

Queda da Selic é questão de tempo, avalia GTI

Mesmo com a inflação ainda acima do centro da meta, Paola considera que o movimento de corte da Selic será inevitável. Ela explica que há um atraso estrutural entre a elevação da taxa de juros e o seu impacto na economia real. “O efeito demora cerca de nove meses para se espalhar por toda a cadeia econômica. Mas o impacto já começou a aparecer.”

Ações cíclicas se antecipam ao corte de juros

Com a desaceleração da atividade já em curso, o mercado acionário tende a reagir antes da materialização das decisões do Banco Central. “O mercado de ações sempre antecipa. Toda empresa listada tende a se beneficiar quando os juros caem, porque a taxa de desconto nos fluxos de caixa diminui, elevando o valor das ações”, explicou.

Paola também destacou que empresas mais alavancadas ganham ainda mais nesse cenário. “Há um efeito duplo: além da valorização dos ativos, a queda de um ponto percentual nos juros pode representar a virada de prejuízo para lucro.

Setores mais sensíveis à Selic devem liderar recuperação

Na avaliação da analista da GTI, os setores mais sensíveis ao custo do crédito são os que devem apresentar maior reação com a queda da Selic. “Empresas dos setores varejista e de construção civil já começam a mostrar movimentos fortes de valorização, justamente por estarem entre as mais impactadas por juros elevados e, consequentemente, entre as mais beneficiadas em um cenário de afrouxamento monetário.

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