
O mercado brasileiro vive uma tarde de cautela nesta quarta-feira (30), marcada por queda do Ibovespa, alta do dólar e repercussão negativa de dados econômicos dos Estados Unidos. Investidores operam com prudência na véspera do feriado de 1º de maio, atentos à desaceleração da maior economia do mundo e aos desdobramentos geopolíticos.
Ibovespa cai com pressão de commodities
O Ibovespa, principal índice da B3, recuava 0,23% por volta das 15h07, sendo cotado a 134.780 pontos. A queda é puxada pelas ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), impactadas pela baixa nos preços do minério de ferro e do petróleo no exterior.
Além disso, investidores realizam lucros após uma sequência de sete pregões de alta. A volatilidade também se acentua com o movimento global de aversão ao risco.
Dólar sobe frente ao real com dados dos EUA
O dólar comercial registrava alta de 0,77%, sendo negociado a R$ 5,675 no início da tarde. A valorização da moeda norte-americana está ligada à divulgação do PIB dos EUA, que surpreendeu negativamente com uma queda de 0,3% no 1º trimestre de 2025.
Esse desempenho abaixo do esperado gerou preocupações sobre uma possível recessão global, o que favorece a busca por ativos mais seguros, como o próprio dólar.
PIB dos EUA decepciona e impacta mercados globais
O recuo de 0,3% no PIB americano foi interpretado como um sinal de alerta pelos investidores. O dado contrasta com a expectativa de estabilidade e reflete um aumento expressivo nas importações e o efeito das políticas tarifárias do governo Trump.
O que diz o especialista:
Em entrevista à BM&C News, o Professor Hugo Garbe, economista da Universidade Mackenzie, comentou:
“Os Estados Unidos são uma âncora da economia mundial. Uma queda de 0,3% é sim muito significativa. A economia global sente o baque.”
Garbe também criticou a postura agressiva do ex-presidente Donald Trump:
“O mercado não gosta de incerteza. E o Trump é, acima de tudo, imprevisível. Essa postura interfere diretamente no fluxo de capitais e no humor do mercado.”
Desemprego no Brasil sobe, mas segue em nível historicamente baixo
O IBGE divulgou hoje que a taxa de desemprego no Brasil subiu para 7% no 1º trimestre de 2025, um aumento frente ao final do ano passado. Apesar disso, é o menor índice já registrado para o período desde o início da série histórica, em 2012.
A leve deterioração é explicada pelo ritmo ainda lento da recuperação econômica, mas os números seguem sendo vistos com relativo otimismo por analistas.
Efeitos da tensão entre EUA e China no Brasil
A tensão comercial entre Estados Unidos e China também entra no radar. Para Hugo Garbe, o Brasil precisa agir com pragmatismo:
“Não podemos nos meter nessa guerra, mas podemos aproveitar as brechas. Ainda assim, o impacto negativo de uma recessão global pode ser maior do que qualquer ganho momentâneo.”
Segundo ele, o Brasil deveria buscar diversificar suas parcerias comerciais, inclusive com países como a Índia, para reduzir sua dependência dos gigantes globais.
Balanços corporativos também movimentam o dia
Além dos dados macroeconômicos, o mercado acompanha a temporada de balanços:
- Santander Brasil reportou lucro acima do esperado.
- Neoenergia teve queda nos lucros.
- Iguatemi surpreendeu com crescimento sólido.
Os resultados corporativos ajudam a formar o tom do pregão, embora o cenário externo continue sendo o principal driver de curto prazo.
Cautela predomina na véspera do feriado
Com o feriado do Dia do Trabalhador se aproximando, o mercado deve encerrar o mês de abril com ajustes de portfólio, atenção ao cenário externo e olho nos próximos movimentos do Federal Reserve e das grandes potências globais.
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