Para os que estão chegando agora é preciso revisitar a história. As políticas de educação especial na RME Porto Alegre datam de 1994 quando uma equipe de professores e pesquisadores já apontavam para a necessidade de aprofundamento de estratégias para uma rede que se desafiava a ser inclusiva.
Em documento pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre (Smed) da época já havia sido publicada a Proposta Pedagógica das escolas especiais que juntas em espaços de formação chamados de “encontrões” analisavam seu papel como um espaço de aprendizagem. No ano de 1995, ou seja há 30 anos atrás, era constituído na rede esse serviço de apoio que desse conta, efetivamente, do acesso e da permanência dos estudantes que precisavam ter seus tempos de aprendizagem e direitos respeitados
As SIRs (Salas de Integração e Recursos) foram frutos de muito estudos, dedicação, formação continuada e pioneirismo, pois se formos analisar o primeiro documento nacional que aponta para a importância fundamental deste serviço de apoio na escola é datado de outubro de 2009, com a Resolução número 04 do Conselho Nacional de Educação (CNE)/Câmara de Educação Básica (CEB) sobre Atendimento Educacional Especializado.
Os professores e professoras que atuam nas Salas de Recursos das escolas, através do Atendimento Educacional Especializado são promotores dos espaços de discussão sobre o ensino e aprendizagem em um contexto da Pedagogia da Diferença. Na educação para alunos, público da educação especial, esta discussão tem movimentado formações a articulações para a qualificação da oferta de um currículo que atenda tempos e formas de aprender, vencendo as impossibilidades ditadas por um currículo que prevê etapas fixas e respostas precisas.
Temos que, permanentemente, reafirmar em rodas de professores que nenhum estudante poderá ser menos aluno quando não puder dar conta do que a escola destinou para ele, e este é o maior ensinamento compartilhado pela experiência, pela pesquisa e pela amorosidade do trabalho dos educadores.
Para os que estão chegando agora registramos que quando dizemos que Porto Alegre é uma capital pioneira na construção de Políticas Públicas de educação inclusiva. Não estamos falando sem fundamentos, estamos falando em histórias vividas e construídas a muitas mãos e sonhos e de um trabalho sério e fundamentado em muitos estudos, que merece ser respeitado.
Vivemos um tempo em que, quem está chegando e estão de passagem, parecem insistir em se apropriar de uma história que não é sua e insiste em pouco valorizar aqueles que precisam resistir para manter um trabalho sério e tão potente como é o trabalho das Salas de Integração e Recursos de Porto Alegre, por isso SER SIR É RESISTIR.
* Marco Aurélio Freire Ferraz é presidente do Fórum pela Inclusão Escolar de Porto Alegre (NIDI/UFCSPA).
** Liliane Giordani é diretora acadêmica do Fórum pela Inclusão Escolas de Porto Alegre (FACED/UFRGS).
*** Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.
