
A agricultura regenerativa, que alia sustentabilidade e eficiência econômica, vem ganhando espaço entre os produtores rurais do Espírito Santo e da Bahia. Com práticas que regeneram o solo e reduzem a dependência de produtos químicos, agricultores relatam ganhos expressivos em produtividade, saúde do solo e, principalmente, no controle de custos. A tendência também atrai empresas, que incentivam seus fornecedores a adotar essas técnicas. Conheça alguns exemplos de quem já faz a diferença no campo:
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Fazenda Nova Esperança: café sustentável às margens da Lagoa Juparanã
Em Linhares, no norte do Espírito Santo, o cafeicultor Almir Gaburro comanda a Fazenda Nova Esperança, onde cultiva 7 mil sacas de café conilon por ano em 110 hectares. Desde 2021, a propriedade aposta nos adubos organominerais. “Estamos há três anos sem nenhum produto químico”, afirma Almir.
Na fazenda, a multiplicação de microrganismos benéficos é feita dentro da propriedade, com a técnica “On Farm”. Isso reduz custos e fortalece naturalmente a lavoura. “Após três meses, vi uma transformação: pés de café brilhando, clones mais resistentes no lugar dos suscetíveis a doenças”, conta.
O resultado é o Café Speranza 100% conilon, produzido com controle rigoroso de qualidade ambiental e trabalhista. A fazenda já conta com licenciamento ambiental, certificações sanitárias e projeto de expansão para exportação. “Já estamos na agricultura do futuro, mas atuando no presente em todas as ações”, destaca Almir.

Pedro Orita: referência na produção de melancia na Bahia
Na Bahia, o produtor Pedro Takahiko Orita, do Grupo Teorita, também investe na agricultura regenerativa. Em Teixeira de Freitas, Pedro cultiva 500 hectares de melancia por ano, além de café e eucalipto.
Inicialmente resistente ao uso de bioinsumos, Pedro Takahiko Orita se surpreendeu com os resultados. “O uso de bioinsumos foi além das expectativas: melhorou o controle de pragas e doenças e a saúde do solo”, afirma. Hoje, ele usa fertirrigação no café e pulverização foliar na melancia, garantindo plantas mais vigorosas e produtivas.

Fazenda Doce Bela: duas décadas de agricultura regenerativa
Outra referência é a Fazenda Doce Bela, também em Linhares. Desde 1999, a propriedade, pioneira no cultivo de bananas no município, implementa práticas regenerativas como compostagem, uso mínimo de herbicidas, bioinsumos e monitoramento constante da lavoura.
Hoje, a fazenda mantém 350 hectares de produção, envolvendo 400 colaboradores e abastecendo mercados no Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. “Começamos o uso de produtos biológicos em 1999. Ver que, mais de 20 anos depois, tanta gente está falando em agricultura regenerativa é muito gratificante”, comenta Fabrício Barreto, à frente da Doce Bela.

Agricultura regenerativa em expansão no Brasil
Dados da Embrapa mostram que 64% dos produtores brasileiros já utilizaram biofertilizantes em 2024, enquanto 61% adotaram biodefensivos, um crescimento significativo em relação a 2022. Um estudo da McKinsey revelou que 55% das propriedades familiares do país utilizam algum tipo de controle biológico, e 83% já aderiram ao sistema de plantio direto.
Entre os principais benefícios da agricultura regenerativa estão a redução de custos com insumos químicos, maior resiliência climática, valorização de mercado dos produtos sustentáveis e melhoria geral da saúde do solo e das culturas.
O tema foi destaque no 1° Fórum Produtores do Futuro, realizado pela Linhagro Agronegócios em Linhares, que contou com a participação do renomado especialista Marcos Fava Neves, o “Doutor Agro”, ressaltando o papel estratégico da agricultura regenerativa para o futuro do agro capixaba.
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