Golpe do INSS: sob pressão, Lupi não quer pedir demissão

Carlos Lupi é ministro da PrevidênciaDivulgação – 29.12.2022

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT-RJ), está sob forte pressão para pedir demissão após a Operação Sem Desconto, que revelou um esquema bilionário de fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). No entanto, até o momento, ele tem demonstrado resistência em deixar o cargo.

O governo federal, que enfrenta a gravidade das acusações, discute alternativas para evitar uma crise interna, principalmente com o PDT, partido presidido por Lupi e que historicamente mantém uma aliança com o PT.

O escândalo envolvendo o INSS, conhecido como “golpe do INSS”, expôs um esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. Entre 2019 e 2024, estima-se que o prejuízo gerado pelo esquema tenha alcançado R$ 6,3 bilhões.

O golpe envolvia cobranças de taxas associativas não autorizadas para serviços como assessoria jurídica e convênios com academias e planos de saúde.

As investigações indicam que cerca de 6 milhões de beneficiários foram afetados. 97% dos beneficiários entrevistados pela força-tarefa disseram não ter autorizado os descontos.

O papel de Lupi no caso é central, uma vez que ele foi responsável pela nomeação de Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, em julho de 2023. O ex-diretor, que foi afastado e depois demitido do cargo após a operação policial, é um dos seis servidores públicos investigados.

O ministro chegou a defender Stefanutto publicamente, alegando que o afastamento era necessário até que o servidor tivesse direito à defesa.

No entanto, a postura dele foi criticada por outros membros do governo, incluindo ministros como Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública, e Vinícius Marques de Carvalho, da CGU (Controladoria-Geral da União).

Demora para agir

Lupi é presidente nacional do PDTPDT.org/Reprodução

Além da nomeação, Lupi é questionado pela sua demora em agir após receber alertas sobre o esquema.

Em junho de 2023, Tonia Galleti, conselheira do CNPS (Conselho Nacional da Previdência Social), já havia alertado para o aumento dos descontos não autorizados, mas o ministro optou por adiar a discussão, alegando a necessidade de um levantamento mais detalhado.

Não foi até março de 2024 que medidas concretas foram adotadas, quando novas regras foram publicadas para regulamentar os descontos associativos.

Lupi também foi criticado por manter encontros com representantes de entidades que estavam sob investigação, o que levantou suspeitas sobre seu envolvimento no esquema.

Relações políticas

Lupi é presidente licenciado do PDT, partido historicamente ligado à Força Sindical, que tem conexões com sindicatos investigados pelo esquema. No entanto, não existem evidências diretas que comprovem o envolvimento do ministro com as fraudes.

A pressão para sua saída cresce, mas o governo Lula, que teme um impacto negativo nas relações com o PDT, ainda busca alternativas para resolver a situação sem a necessidade de uma demissão.

Até o fechamento desta reportagem, o ministro Carlos Lupi não havia respondido ao contato do Portal iG. Caso haja uma atualização, a matéria será atualizada.

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