

Pais de bebê contam terror que passaram no Ruth Cardoso antes de bebê morrer em hospital de Balneário Camboriú – Foto: Júlio Portes/NDTV
Dayla Fernanda Pedroso Ramos e Edemar da Silva Leitemperger, pais do bebê que morreu durante o parto na noite da última sexta-feira (25), no Hospital Ruth Cardoso, no Litoral Norte de Santa Catarina, relataram à equipe do ND Mais os momentos de terror que viveram antes de bebê morrer em hospital de Balneário Camboriú.
A jovem mãe, que já havia perdido um bebê em 2023 e realizado uma cesariana na primeira gestação, contou que informou ao médico a necessidade de uma nova cirurgia no parto de Ragner Ramos Leitemperger.
“O médico veio até mim e falou que não iria fazer uma cesárea, que eu teria o parto normal porque meu filho estava com a cabeça para baixo, ‘o médico sou eu’, ele me disse”, relata Dayla.
O casal chegou ao hospital por volta das 7h30 da manhã, mas o parto só ocorreu à noite. “Eu já não aguentava mais, estava jorrando sangue e sentindo muita dor, que não cessava”, lembra Dayla.
Segundo Edemar, ele percebeu que o bebê, ainda dentro do útero, estava roxo e desfalecido. Desesperado, saiu em busca de ajuda. Ele afirma que encontrou um médico que se recusou a atender, até que outro profissional apareceu.
“Veio outro médico, que fez o toque e constatou que eu não tinha passagem para ter a criança, mas ainda assim insistiu que o parto seria normal, mesmo contra minha vontade. E meu filho ali, só querendo vir ao mundo”, relata a mãe.
Mãe de bebê morto perdeu o útero após o parto
Após a retirada do bebê, Dayla precisou ser submetida a uma cirurgia para a retirada do útero, que, segundo ela, estava completamente estourado. Edemar foi quem viu o filho, ainda dentro da esposa, já sem sinais de vida.
“Eu só estou viva porque Deus permitiu. Meu marido não pôde entrar para me acompanhar. Só depois de tudo, quando o bebê já estava morto, é que me encaminharam para uma cesariana”, lamenta Dayla.
O bebê chegou a ser levado para a UTI Neonatal, mas, conforme a família, já estava sem vida. “Ele já estava morto dentro de mim. A médica procurava o batimento cardíaco e não encontrava. E o médico que me atendeu, que estourou minha bolsa, não me prestou socorro”, afirma a mãe.
Antes de bebê morrer em hospital de Balneário Camboriú, pai filmou momentos de desespero
“Eu vi que a cabeça do meu filho estava roxa e que ele não tinha passagem para sair. Entrei em desespero. A única coisa que pensei foi: ‘vou filmar, porque senão não vou ter como provar, e vai ser só mais um caso’”, relata Edemar.
As imagens gravadas pelo pai são extremamente fortes, mostrando Dayla na maca, sem roupas, e o bebê sem vida. Por envolver uma situação de extrema vulnerabilidade, o Grupo ND optou por não divulgar as cenas.
“Meu filho já saiu morto. Eles o levaram para a UTI, mas eu falei: ‘não adianta, meu filho está morto’. Eu cheguei perto dele, vi que estava roxo, e depois confirmaram que ele já estava sem vida”, relata Edemar – pai de bebê morto.
Medidas tomadas pela Prefeitura de Balneário Camboriú
Em nota, a prefeitura de Balneário Camboriú informou que acompanha atentamente os desdobramentos da morte do recém-nascido no Hospital Municipal Ruth Cardoso. Segundo a prefeitura, a mãe recebeu todos os cuidados e se recupera bem.
Juliana Pavan (PSD) e o vice, Nilson Probst (MDB), tomaram ciência do caso nas primeiras horas da madrugada de sábado (26) e foram até o hospital prestar solidariedade à família, buscar informações precisas e cobrar apuração rigorosa.
Entre as medidas adotadas estão:
- Afastamento cautelar do médico obstetra responsável;
- Abertura de sindicância interna para investigar as circunstâncias do óbito;
- Instalação da Comissão de Óbito para análise sistemática do evento;
- Ativação do Comitê de Ética, que investiga se houve falhas nas práticas assistenciais;
- Disponibilização do prontuário médico à família;
- Encaminhamento ao SVO (Serviço de Verificação de Óbitos) para elaboração de laudo técnico;
- Notificação da empresa terceirizada que emprega o médico;
- Determinação de prazo de 72 horas para entrega de parecer técnico sobre o caso.
A secretária de Saúde de Balneário Camboriú informou ainda que a rede Alyne está envolvida na investigação para reforçar a segurança materno-infantil e revisar fluxos e procedimentos.
Taxa de mortalidade no Hospital Ruth Cardoso
Em 2025, o hospital registrou 839 nascimentos. O bebê Ragner foi o primeiro recém-nascido morto no ano. Em 2024, ocorreram 3.087 partos com uma taxa de mortalidade neonatal de 0,05%.
“A rede Alyne veio para proporcionar mais segurança materno-infantil, com fluxos e processos que precisam ser constantemente revisados e bem estabelecidos. O médico envolvido é de uma empresa terceirizada, que também já foi notificada”, destacou a secretária de Saúde.