Diretor do Hospital da Mulher no ABC é demitido após denúncias de negligência a gestantes; comitê apura casos


Uma gestante morreu, outra uma ficou com gaze 19 dias no corpo após cesárea, e um bebê morreu. Um comitê técnico foi criado e uma das primeiras ações foi a demissão. Os casos estão sendo investigados pela polícia e pelo comitê. Raissa Falosi, mãe que teve curativos esquecidos dentro do corpo depois do parto, e Deisy Coimbra, que faleceu uma semana depois do parto após ter ido para UTI por desmaiar depois de receber anestesias
Arquivo pessoal
Rodolfo Strufaldi, diretor técnico do Hospital da Mulher em São Bernardo do Campo, foi demitido nesta quinta-feira (18), após três denúncias de negligência contra gestantes. Uma mulher morreu uma semana após o parto, um bebê nasceu morto depois de a mãe ser liberada do hospital com contrações e dilatação, e outra mulher teve gaze esquecida dentro do corpo depois do parto.
A decisão foi tomada pelo comitê técnico, criado para a apurar os casos citados acima e veiculados em reportagens pela TV Globo.
Em entrevista, depois da denúncia do segundo caso de negligência, o diretor disse que os casos eram pontuais.
Dois casos aconteceram em março deste ano: Raissa Falosi, que foi deixada com gaze dentro do corpo por 19 dias utilizada para estancar o sangramento durante e depois do parto, e Deisy Coimbra que desmaiou depois de ter recebido duas doses de anestesia e foi levada à UTI. Ela passou por uma cesárea de emergência e morreu na semana seguinte.
O terceiro caso aconteceu em julho de 2023 com uma mãe que foi duas vezes ao Hospital da Mulher, em São Bernardo sentindo dores e contrações, mas foi liberada para voltar para casa pelas equipes médicas. Antes de sair do hospital, segundo relato do marido, outra equipe atendeu a mulher e fizeram uma cesárea emergencial, mas o bebê estava morto.
Compressa é deixada dentro do corpo de paciente após trabalho de parto, em São Bernardo do Campo (SP)
A Prefeitura de São Bernardo criou um Comitê Técnico coordenado pela médica Mônica Carneiro, atual diretora do Hospital do Câncer Padre Anchieta, para apurar os três casos e uma das primeiras ações foi demitir o diretor.
O comitê foi formado por profissionais de fora do Hospital da Mulher e vai também ampliar todos os protocolos de segurança dos pacientes. As ocorrências dos casos estão em apuração e vão ser compartilhadas com o comitê.
O Hospital da Mulher foi inaugurado em julho de 2023 e realiza, em média, 380 partos por mês.
Mônica Carneiro, atual diretora do Hospital do Câncer Padre Anchieta, e que vai coordenar o comitê no Hospital da Mulher, é formada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Jundiaí em 1989, com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, tem especialização em administração hospitalar e sistemas de saúde, gestão de vigilância sanitária e administração pública. Foi também diretora do Hospital Municipal Universitário (HMU) entre 2017 e 2021.
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