Com laboratório de R$ 1 bilhão na lista, região de Campinas concentra 74% dos investimentos em P&D no estado de São Paulo


Levantamento da Fundação Seade aponta que região reúne R$ 2,6 bilhões dos R$ 3,5 bilhões em recursos para implantação, ampliação e ou modernização de centros de pesquisa entre 2019 e 2023. O Orion será único no mundo, uma vez que o complexo laboratorial de máxima contenção biológica estará conectado ao Sirius, fonte de luz síncrotron de 4ª geração
CNPEM/Divulgação
Um levantamento da Fundação Seade mostra que a região de Campinas concentrou 74% dos recursos para pesquisa e desenvolvimento (P&D) no estado de São Paulo. A maior fatia é do Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM), sendo R$ 1 bilhão para Orion, laboratório de biossegurança máxima “único no mundo”, e R$ 800 milhões para a fase 2 do Sirius, acelerador de partículas brasileiro – veja, abaixo, detalhes dos dois projetos.
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Dos R$ 3,5 bilhões empregados para implantação, ampliação e ou modernização de centros de pesquisa no estado entre 2019 e 2023, R$ 2,6 bilhões foram destinados à Região Administrativa de Campinas.
Como efeito de comparação, a Região Metropolitana de São Paulo, a segunda que mais concentrou recursos, recebeu R$ 597 milhões no mesmo período, enquanto a região Central ficou com R$ 100 milhões. Outros R$ 202 milhões foram destindos às demais regiões do estado.
Na agricultura, um dos destaques do levantamento da Fundação Seade está em Piracicaba (SP), que concentrou R$ 224 milhões em pesquisa para novas variedades transgênicas e o plantio com semente sintética de cana, do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).
Há ainda recursos em centros de P&D em Indaiatuba (máquinas para agricultura tropical), Sumaré (fertilizantes foliares), e também na Unicamp, em Campinas, para trabalhados na área de energia (solar e baterias).
Orion
O complexo laboratorial de máxima contenção biológica, batizado de Orion, representa um avanço para o Brasil, que permitirá pesquisas com patógenos capazes de causar doenças graves e com alto grau de transmissibilidade (das chamadas classes 3 e 4) – estrutura essa que não existe até hoje em toda a América Latina.
Saiba por que laboratório de R$ 1 bilhão previsto no novo PAC será único no mundo
💉 Possuir um laboratório de biossegurança máxima (NB4) oferece condições ao país de monitorar, isolar e pesquisar os agentes biológicos para desenvolver métodos de diagnóstico, vacinas e tratamentos.
🧫 No caso do Brasil, mais do que armazenar e manipular essas amostras biológicas, o laboratório de biossegurança máxima terá acesso exclusivo a três linhas de luz (estações de pesquisa) do Sirius, o que não existe em nenhum outro lugar do mundo.
📅 De acordo com o CNPEM, o Orion está em fase final de projeto e licenças, com previsão de início das obras ainda no primeiro semestre de 2024.
🏗 O complexo laboratorial terá cerca de 20 mil metros quadrados, e sua construção está prevista para ficar pronta até 2026. Após essa etapa, o Orion passará pelo chamado comissionamento técnico e científico, e também por certificações internacionais de segurança, para que possa entrar em operação regular.
Sirius
Sirius, laboratório de luz síncrotron de 4ª geração instalado em Campinas (SP)
Nelson Kon
Considerado o principal projeto científico brasileiro, o Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que atua como uma espécie de “raio X superpotente” que analisa diversos tipos de materiais em escalas de átomos e moléculas.
Ele foi projetado para abrigar até 38 linhas de luz (estações de pesquisa), sendo 14 delas previstas na primeira fase – 10 delas estão em funcionamento, duas em fase final de montagem e uma que teve os trabalhos para implantação já iniciados.
Em 2023, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciou investimento de R$ 800 milhões para avançar no projeto, com a construção de mais 10 novas linhas.
Junto as novas estações previstas, outras três serão construídas e conectadas ao complexo Orion (dentro do orçamento do laboratório). As linhas no Sirius são batizadas com nomes inspirados na fauna e flora brasileira, e essas serão a Hibisco, Timbó e Sibipiruna.
📅 A previsão do CNPEM é que até o início de 2025 as 14 linhas da fase 1 estejam montadas. Já as 10 novas linhas da fase 2 do Sirius, e as 3 exclusivas do Orion ainda estão em fase de projeto.
❓ Como funciona o Sirius? Para observar as estruturas, os cientistas aceleram os elétrons quase na velocidade da luz, fazendo com que percorram o túnel de 500 metros de comprimento 600 mil vezes por segundo. Depois, os elétrons são desviados para uma das estações de pesquisa, ou linhas de luz, para os experimentos.
🧲 Esse desvio é realizado com a ajuda de ímãs superpotentes, e eles são responsáveis por gerar a luz síncrotron. Apesar de extremamente brilhante, ela é invisível a olho nu. Segundo os cientistas, o feixe é 30 vezes mais fino que o diâmetro de um fio de cabelo.
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