
Mandel NGAN
O ex-congressista republicano de origem brasileira George Santos, expulso do Congresso dos Estados Unidos por corrupção, foi condenado nesta sexta-feira (25) a pouco mais de sete anos de prisão por fraude eletrônica e roubo de identidade para se apropriar de milhares de dólares de seus doadores na carreira do Congresso.
A juíza Joanna Seybert, do tribunal federal do distrito de Central Islip, no leste de Nova York, o sentenciou a 87 meses de prisão, confirmaram fontes do tribunal.
“As vítimas de Santos eram pessoas reais que sofreram perdas reais”, disse o promotor-chefe John Durham após o anúncio da sentença. “Ele chegou ao ponto de procurar pessoas idosas que estavam sofrendo de deficiência cognitiva”, acrescentou.
“Ele será punido por sua fraude espantosa, pelos abusos cometidos em nosso processo eleitoral, por ridicularizar nossas instituições democráticas e, mais importante, por trair e fraudar seus apoiadores, eleitores, doadores, órgãos federais e estaduais”, acrescentou.
George Anthony Devolder Santos, de 36 anos, filho de pais brasileiros, se declarou culpado destes delitos, que podem levar a uma pena de prisão de até 22 anos, em 19 de agosto de 2024.
Ele também tem que restituir quase 378 mil dólares (2,1 milhões de reais na cotação atual) e pagar uma multa de 205 mil dólares (1,1 milhão de reais), como havia se comprometido em seu acordo de culpabilidade.
A promotoria havia acusado Santos de mentir para o Congresso americano sobre a sua riqueza pessoal “inventando milhões de dólares em ativos que nunca existiram e escondendo sua renda real”.
– Sem arrependimentos –
Ainda que, em um ato de contrição, ele tenha admitido que permitiu que “a ambição obscurecesse” seu julgamento, o promotor-chefe do tribunal, John Durham, em 17 de abril, escreveu uma carta ao juiz pedindo uma punição “significativa” porque, a julgar por sua atividade nas redes sociais, “Santos continua a demonstrar que não se arrepende de seus crimes”.
“Suas ações falam mais alto que qualquer palavra, e clamam por uma sentença de prisão significativa neste caso”, pediu o promotor.
Era “necessário” e “correto”, não apenas aos olhos dos outros, mas para o “reconhecimento das mentiras que contei a mim mesmo durante esses últimos anos”, disse Santos ao reconhecer sua culpa.
Santos foi acusado de mentir para o Comitê Federal Eleitoral, roubo de identidade, lavagem e desvio de dinheiro da campanha para sua conta pessoal.
Usou os cartões de crédito de seus doadores sem autorização para comprar roupas de marca, pagar a entrada de um carro e sacar dinheiro em caixas eletrônicos, de acordo com a acusação.
Também recebeu auxílios durante a pandemia do coronavírus, aos quais não tinha direito, e auxílios de desemprego, apesar de ter um emprego remunerado.
Em maio de 2023, a promotoria realizou 10 acusações contra ele, que foram ampliadas para 23.
Depois de se recusar a renunciar ao seu cargo quando pressionado, a Câmara dos Representantes o expulsou em dezembro de 2023, tornando-o o sexto congressista a ser forçado a deixar o cargo na história da instituição.
O comitê de ética da Câmara o acusou de ter “desacreditado seriamente” o órgão legislativo.
Santos concorreu às eleições para o Congresso em novembro de 2022 como a “nova cara do Partido Republicano”.
Para isso, ele construiu uma persona de candidato cheia de mentiras sobre sua educação, religião, bens e salários.
Também deturpou a história de sua família, alegando ser descendente de sobreviventes judeus do Holocausto que fugiram do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.