Além de reger o programa econômico do presidente argentino de extrema direita, Javier Milei, impondo a aplicação de ajustes com graves impactos sociais, o Fundo Monetário Internacional (FMI) agora pretende influenciar nas próximas eleições legislativas da Argentina, marcadas para o segundo semestre.
“O país terá eleições em outubro, e é crucial que a vontade de mudança não seja prejudicada”, disse a diretora administrativa do FMI, Kristalina Georgieva, sugerindo uma vitória dos candidatos do partido governista de Milei.
A declaração foi duramente criticada pela oposição argentina. A ex-presidenta Cristina Kirchner, uma das líderes da oposição e liderança do peronismo, compartilhou uma declaração do Partido Justicialista (PJ) rechaçando a “interferência” do FMI.
Além disso, Cristina aproveitou para denunciar a mais recente dívida contraída pelo governo Milei de US$ 20 bilhões, aprovado pelo FMI no início do mês de abril.
Segundo a ex-mandatária, ele se provou ser um “empréstimo político, semelhante ao concedido a Mauricio Macri em 2018”, que totalizou quase US$ 44,5 bilhões, a maior dívida da história argentina.
Privatização
Uma das exigências feitas pelo FMI para empréstimos é um pacote de privatizações massivas, que está sendo implementado por Milei. O alvo mais recente do governo de extrema direita é a Enarsa (Energía Argentina), estatal criada em 2004 que é responsável por alguns dos mais importantes projetos para a infraestrutura energética do país.
Para a venda, a estatal será desmembrada e negociada separadamente. Por decreto, ficou autorizada a licitação pública nacional e internacional das ações da Enarsa. O ministério da Economia agora emitirá as regras para a comercialização.
O governo Milei alega que a empresa dá prejuízo, que precisa de grandes aportes do Estado para funcionar e sua venda “busca melhorar o serviço, fomentar a concorrência e garantir preços reais e sustentáveis para todos os argentinos”.
Com a venda, irá para a iniciativa privada mais de 20 anos de estudos, prospecção e exploração de jazidas de hidrocarbonetos, bem como transporte, armazenamento, distribuição, comercialização e industrialização dessas matérias-primas e seus derivados. O governo de extrema direita afirma que, com a medida, “o Estado está focado no que deveria estar fazendo: organizar, regular e garantir o bom funcionamento do sistema energético”.